Sindicatos contestam. Governo dá suplemento de 20% aos médicos em regime de dedicação

O Governo vai dar um suplemento de 20 por cento aos médicos que escolham aderir ao regime de dedicação plena. O Sindicato Independente dos Médicos e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) não aceitam a proposta. Na origem da discórdia esta o pagamento do trabalho suplementar.

RTP /
Reuters

Um profissional em início da carreira, que trabalhe 40 horas semanais, pode passar a receber mais 573 euros brutos.

Segundo o Jornal de Notícias, a este montante acresce ainda uma atualização salarial imediata de 4,5 por cento garantida nos próximos dois anos.

Com este regime o governo quer que os médicos façam até 350 horas extra por ano, um número que contrasta com as atuais 150.
Proposta inaceitável Joana Bordalo e Sá, presidente da Comissão Executiva da FNAM, explicou na RTP 3 o motivo pelo qual não concorda com a medida e recordou que está agendada uma “greve para 5 e 6 de junho”.

“A proposta que nos foi apresentada é totalmente inaceitável”.

Segundo Joana Bordalo e Sá, o ministro da Saúde sabe que “quando se discute a valorização do trabalho, não é a percentagem que interessa. As percentagens não pagam contas”.

“O foco da FNAM é garantir um salário base que seja digno para todos os médicos, tendo em conta a responsabilidade que os médicos têm na saúde. Nós defendemos grelhas salarias para todos os médicos, ajustados à perda do poder de compra e à inflação”.


Joana Bordalo e Sá sublinha que os “médicos continuam a trabalhar as 40 horas normais, além de todo o trabalho extraordinário”.

“A primeira reivindicação da FNAM é passar para as 35 horas, como qualquer profissional da saúde e administração pública”.

A FNAM defende que o aumento salarial seja de 30 por cento para todos os profissionais.
InqualificávelJá Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), considera “inqualificável” que o governo depois de reunir com os representantes sindicais para iniciar um processo negocial, aguarde pelo último dia para apresentar “não uma proposta, um memorando de entendimento”.

“Esse memorando de entendimento, em relação ao que é anunciado, vai um oceano de distância. O SIM durante o processo negocial teve uma extraordinária paciência”, sublinhou Roque da Cunha.

O secretário-geral do SIM recorda que “estamos a falar de uma situação em que as listas de espera num consultório nunca foram tão volumosas como estão agora”. E recorda que existe um milhão e setecentos mil portugueses sem médico de família.

Roque da Cunha revelou que o SIM vai apresentar uma contraproposta, “é isso que é a negociação” e que a proposta apresentada pelo Governo “é verdadeiramente draconiana”.

“As condições que são necessárias para esta dedicação plena são draconianas. Invertem a responsabilidade. Não havia um único médico em Portugal que aceite esta forma de trabalho”.

O sindicalista frisa que são “350 horas extraordinárias obrigatórias para atingir este regime. Estamos a falar de cerca de 40 dias úteis de trabalho a mais que os médicos necessitariam para ter esse aumento”.

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