Sócrates diz que pediu empréstimo para suportar estudos em Paris
Lisboa, 27 mar (Lusa) - O ex-primeiro-ministro José Sócrates considerou hoje uma "calúnia" a ideia de que tem uma vida de luxo em Paris e afirmou que contraiu um empréstimo para suportar um ano de estudos na capital francesa.
Em entrevista à RTP, José Sócrates fez duras críticas à cobertura jornalística do Correio da Manhã, que acusou de lhe mover uma "campanha ignóbil" a propósito do seu estilo de vida em Paris, para onde foi viver e estudar ciência política.
"É mentira que eu tenha uma vida de luxo em Paris, é também mentira que tenha sido recusado por três vezes pela universidade, basicamente insinuando que tinha um comportamento de que se devia duvidar", disse.
Neste contexto, Sócrates referiu que tem uma única conta bancária há mais de 25 anos, que nunca teve contas a prazo, nem ações, nem `off-shores`, nem contas no estrangeiro.
"A primeira coisa que fiz quando saí de primeiro-ministro foi pedir ao meu banco um empréstimo para ir viver um ano para Paris, sem nenhuma responsabilidade ao nível profissional. Fiz esse ano de estudo, um ano e meio, e agora recomecei a trabalhar", declarou.
Antes, na parte política da entrevista, o ex-secretário-geral do PS considerou que o atual Governo não tem condições para "desenvolver aquilo que é preciso fazer relativamente ao futuro na condução da economia do país".
Questionado sobre as consequências de um eventual chumbo de normas do Orçamento do Estado para 2013, o ex-primeiro-ministro respondeu: "Acho que diz tudo de um Governo fazer a sua principal lei, o Orçamento, duas vezes inconstitucional".
"Isso seria gravíssimo", advertiu.
Sobre a ação dos seus executivos, Sócrates alegou estar muito mal contada a história dos encargos decorrentes das parcerias público-privadas (PPP) contratualizadas durante o período da sua governação.
"Os encargos futuros com PPP que eu deixei são inferiores àqueles que recebi", contrapôs.