Stress pós-traumático afecta 14% das mulheres que abortam
O presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental afirmou que pelo menos 14 por cento das mulheres que abortam sofrem de stress pós-traumático, citando um estudo norte-americano, numa iniciativa da plataforma "Não, Obrigada".
"Pelo menos 14 por cento das mulheres que abortam estão sujeitas a um d istúrbio de stress pós-traumático", garantiu Adriano Vaz Serra, citando um estud o efectuado nos Estados Unidos em 2004.
De acordo com o psiquiatra, "um número muito maior apresenta parte dos sintomas da síndrome pós-traumática", entre os quais se incluem a lembrança cons tante do acontecimento, pesadelos, taquicardia e fobias graves, que, nos casos m ais graves, pode conduzir ao suicídio.
"Esta patologia pode levar ao suicídio", garantiu o presidente da Socie dade Portuguesa de Psiquiatria, numa conferência sobre as consequências psicopat ológicas do aborto na mulher, promovida pela plataforma "Não, Obrigada", que reú ne vários movimento contra a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravide z (IVG).
Esta plataforma lançou esta semana um novo cartaz, onde se ê "Abortar a pedido e passar a o resto da vida a pedir que não tivesse acontecido?".
Adriano Vaz Serra, que pertence ao Movimento Aborto a Pedido Não, salie ntou que o propósito destes grupos de cidadãos é "defender os direitos das mulhe res".
"Somos intransigentemente pela defesa da vida mas isso é incompleto se não dissermos alta e claramente que o nosso propósito é defender as mulheres", f risou, considerando que as mulheres que "pedem" um aborto têm de ser avisadas de stas possíveis consequências.
Adriano Vaz Serra citou o mesmo estudo norte-americano para afirmar que "64 por cento das mulheres que fizeram um aborto foram coagidas" e que, em 95 p or cento desses casos, os homens desempenharam um papel importante na tomada de decisão.
"Um dos propósitos maiores dos nossos movimentos é defender os direitos das mulheres para que deixem de ser manipuladas pela sociedade em geral e pelo homem, que se aproveita dela e depois a deita fora", afirmou o psiquiatra.
A psicóloga Maria José Vilaça, outra das oradoras, alertou que se o "si m" à despenalização da IVG ganhar, as mulheres "vão ficar ainda mais vulneráveis e desprotegidas, porque vão deixar de poder invocar a lei para rejeitarem fazer um aborto".
Na mesma linha, a psiquiatra Margarida Neto considerou um aborto "uma a rmadilha que tem corrido pelo mundo fora".
"É uma decisão apressada, angustiante, coagida. A mulher, em vez de resolver um problema, herda para si mesma o trauma pós-aborto", disse.