Tapados buracos das minas que já vitimaram bombeiros

Os respiradouros da antiga área mineira de Montesinho, em Bragança, vão ser tapados quase uma década depois de terem vitimado dois bombeiros durante o combate a um incêndio, anunciaram hoje os responsáveis pelo projecto.

Agência LUSA /

Um bombeiro morreu e outro ficou ferido, em Setembro de 1998, quando, no combate a um fogo na zona do Portelo, caíram num dos poços das minas de volfrâmio desactivadas há 23 anos.

Desde então que se aguarda uma solução para a segurança de quem frequenta a zona, desde agricultores e caçadores a turistas que escolhem, para passear, esta zona do Parque Natural de Montesinho.

A Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM), responsável pelo plano de reabilitação de diversas minas portuguesas, e a Câmara de Bragança assinaram hoje a consignação dos trabalhos de recuperação da antiga área mineira de Montesinho.

Estes trabalhos, a primeira fase de um projecto mais vasto, têm como propósito a segurança do local, começando por detectar e tapar os buracos dos respiradouros e galerias das minas.

Segundo Gaspar Nero, da EDM, a intervenção abrange uma área de 15 hectares onde foram já detectados mais de 300 buracos.

De acordo com o responsável, estes trabalhos vão prolongar- se por meio ano e implicam um investimento de 1,5 milhões de euros.

Apesar de ser considerada "tecnicamente simples" esta intervenção vai ter de dar atenção a alguns aspectos ambientais, nomeadamente à fauna, assegurando que as colónias de morcegos que ali existem vão continuar a ter acesso às minas.

Esta fase será o embrião para um projecto mais vasto, que implica a reabilitação de toda a área, limpeza dos cursos de água, a reabilitação da mina da aldeia de França e a harmonização de todo o conjunto.

Gaspar Nero pretende que a antiga área mineira de Montesinho seja a primeira na região Norte a beneficiar dos apoios do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN).

Segundo as suas previsões, dentro de dois anos deverá ser lançada a obra, com conclusão prevista para 2010.

Mas para que o projecto avance será necessário resolver primeiro um imbróglio com um areeiro que funciona naquela zona e que os responsáveis ainda não sabem como solucionar.

"Há-de resolver-se, conjugando esforços", disse o presidente da Câmara de Bragança, Jorge Nunes, realçando que da descontaminação, regularização de solos e limpeza de linhas de água da exploração do areeiro está dependente o aproveitamento de toda aquela zona.

O complexo de apoio às minas, constituído por mais de 30 edifícios, foi adquirido por privados, a maior parte por um empresário da construção civil de Bragança.

Segundo o presidente da Comissão Regional de Turismo do Nordeste Transmontano, Júlio Meirinhos, está a ser pensado para o local um projecto turístico a pensar nas potencialidades naturais de Montesinho e da vizinha zona espanhola de Sanábria.

No projecto está também envolvida uma associação de Bragança, a "Estrela do Nordeste", e o responsável pelo turismo promete apoio e parceria, nomeadamente para acesso a financiamentos disponíveis para o sector.

Quatro das casas do antigo complexo já estão recuperadas, uma das quais para turismo e pronta para entrar em funcionamento.

No local decorreu hoje a consignação dos trabalhos de recuperação das minas.

Júlio Meirinhos disse ainda que os parceiros deste projecto turístico pretendem propor a reparação das duas galerias da antiga exploração mineira para serem visitáveis pelos turistas.


PUB