No início desta semana uma idosa morreu e quatro pessoas ficaram desalojadas na sequência de um incêndio num segundo andar do Príncipe Real, em Lisboa, que deverá ter sido provocado por um cobertor eléctrico.

Ainda que não haja estatísticas sobre o número de incidentes provocados por este tipo de equipamento, todos os anos são noticiados alguns episódios, com consequências mais ou menos graves.

"É bom que as pessoas tenham a noção do que se trata, pois entre as duas camadas de tecido estão circuitos eléctricos, fios revestidos que se podem partir ou danificar", alertou, em declarações à Agência Lusa, Sofia Peleteiro, da Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO).

Por isso, o cobertor não deve ser molhado, dobrado ou perfurado. Cuidados que se devem estender à sua arrumação quando o tempo começa a aquecer.

"Deve ser enrolado com os fios ao alto, não atravessados, e não deve ser dobrado porque os fios podem partir ou ficar com o isolamento danificado", aconselhou a técnica da DECO, explicando que os cuidados servem tanto para os equipamentos que são colocados entre o colchão e o lençol como para os que cobrem a cama.

No caso destes últimos, não deve ser colocada mais roupa por cima do cobertor eléctrico, para evitar que o equipamento "aqueça demais", continuou Sofia Peleteiro.

"Também não se deve dormir com o cobertor ligado. Usa-se para aquecer a cama e depois desliga-se", frisou, acrescentando que deve ainda haver o cuidado de não forçar o cobertor quando está dobrado.

A DECO testou em 1999 cinco marcas diferentes de cobertores eléctricos à venda em Portugal e concluiu que a nível do funcionamento não havia problemas, mas alguns equipamentos vinham acompanhados de um livro de instruções mal traduzido, com informações erradas ou pouco claras.

João Medeiros, gestor de pequenos electrodomésticos numa cadeia de lojas nacional, disse à Lusa que as actuais normas de segurança são apertadas, mas que os acidentes acontecem principalmente com pessoas idosas, que não seguem os cuidados de manutenção, provocando o desgaste dos equipamentos.

"Se as pessoas tiverem os cuidados necessários, um cobertor eléctrico é um equipamento que dura muito tempo e não tem problema nenhum", sublinhou Sofia Peleteiro.

Por isso, sugerem os técnicos, há que seguir as recomendações, aquecer a cama à temperatura desejada e desligar o cobertor eléctrico para depois dormir descansado.