Testemunho indireto atribui a Pidá autoria do homicídio de Aurélio Palha
Porto, 30 set (Lusa) -- Bruno "Pidá" foi citado hoje pela primeira vez em audiência de julgamento, ainda que num testemunho indireto e algo impreciso, como o autor do homicídio do empresário portuense Aurélio Palha.
"Acho que ele me disse que foi o `Pidá` quem disparou", afirmou Andrea Machado, citando o marido, Alberto Ferreira, que foi a única pessoa que viu o homicídio e que mais tarde também foi abatido a tiro.
Até agora só se conheciam testemunhos nesse sentido feitos em fase de inquérito.
Depois de autorizada a depor sem a presença na sala dos arguidos e familiares destes, para não se sentir constrangida, Andrea disse, citando igualmente o marido, que no carro de onde foram disparados tiros seguiam, além de "Pidá", o coarguido Mauro Santos e uma terceira pessoa que não é arguida no processo.
Andrea explicou que Berto lhe omitiu estes detalhes, na fase imediatamente após o homicídio, só os esmiuçando mais tarde.
A testemunha disse que notara o marido nervoso antes do homicídio de Aurélio Palha, mas, a perguntas do advogado de Bruno "Pidá", Luís Vaz Teixeira, admitiu que este estado de espírito também estivesse relacionado com a possibilidade de ser incriminado pela morte de Nuno Gaiato e com inimizades e questiúnculas que foi gerando.
"Antes de morrer, o seu marido não lhe disse que tinha medo que o Aurélio lhe limpasse o sebo", perguntou diretamente o advogado de "Pidá".
"Não me recordo", respondeu a testemunha.
Já com os arguidos e seus familiares na sala de audiências, o tribunal ouviu José Rodrigues, um "relações públicas" que se encontra preso à ordem de outro processo e que foi dos primeiros a chegar ao local onde Aurélio Palha foi morto.
Rodrigues garantiu que chegou a falar com Alberto Ferreira, que lhe terá confidenciado que os disparos se dirigiam a si próprio e não a Aurélio Palha.
Alberto ter-lhe-á dito também que se atirou para o chão, ao pressentir os disparos, pelo que nada viu.
"Se ele soubesse [quem ia no carro e quem disparou], tinha-me dito de certeza absoluta", referiu a testemunha.
Entre outras testemunhas, o tribunal ouviu a mulher de Aurélio Palha, Carla, que descreveu o marido como uma pessoa "tranquila", mas nada adiantou sobre razões que justificassem o seu homicídio.
Para a sessão foram igualmente convocados Benjamim, Natalino e Hélder Correia, seguranças de Miragaia, e irmãos de Natalino, que, conforme já determinou a Justiça, foi morto a tiro por "Pidá" e outros elementos do grupo de seguranças da Ribeira.
Estes depoimentos acabaram adiados para 07 de outubro, data da próxima sessão de julgamento.
Aurélio Palha foi morto com disparos feitos a partir de um automóvel Mercedes na madrugada de 27 de agosto de 2007, quando se encontrava à porta da sua discoteca do Porto, a Chic, a conversar com Alberto Ferreira.
Além de Bruno "Pidá", estão acusados pelo homicídio consumado do empresário e tentado do segurança os arguidos Mauro Santos, Tiago Nogueira («Chibanga») Miguel Silva («Palavrinhas»), Ângelo Ferreira («Tiné») e Augusto Soares