Tiros que vitimaram criança foram disparados durante perseguição automóvel - GNR
Lisboa, 12 Ago (Lusa) - Os tiros que segunda-feira à tarde vitimaram uma criança de 12 anos em Santo Antão do Tojal, Loures, foram disparados durante uma perseguição policial à viatura dos alegados assaltantes, disse à agência Lusa o comandante da GNR de Loures.
O comandante do Grupo Territorial da GNR de Loures, tenente-coronel Cardoso Pereira, adiantou à agência Lusa que a Guarda foi alertada, às 17:25, por "um cidadão anónimo" de que "uns homens" estavam a furtar materiais de construção num estaleiro junto a uma quinta em Santo Antão do Tojal que tem uma vacaria.
"Foram surpreendidos em flagrante delito a furtar bens dentro do estaleiro e, apesar da ordem de paragem, puseram-se em fuga numa carrinha" Ford Transit, disse o responsável da Guarda, explicando que a viatura da GNR estava colocada por forma a tentar barrar a estrada mas não foi possível evitar a fuga.
"A carrinha iniciou a marcha em alta velocidade direito a um militar da GNR, obrigando este a atirar-se para cima da viatura de serviço para evitar ser colhido e salvar a sua vida", relatou.
O comandante da GNR de Loures explicou, com base nas informações que lhe foram prestadas, que a viatura militar iniciou então uma "perseguição em alta velocidade à carrinha em fuga (que punha em perigo outros utentes da via), em circunstâncias que estão a ser apuradas, "tendo havido tiros" contra a mesma.
Segundo o tenente-coronel Cardoso Pereira, um dos tiros disparados acertou no pneu traseiro direito da carrinha, obrigando à imobilização desta junto à Igreja de Santo Antão do Tojal, a cerca de um quilómetro da propriedade onde começou a perseguição.
"Os militares da GNR procederam à detenção de dois adultos, de cerca de 30 anos, e, nessa ocasião, foi possível perceber que um disparo tinha entrado dentro da viatura e atingido um outro ocupante, que era uma criança, que viria a falecer", descreveu o mesmo responsável policial, lamentando o trágico desfecho" do incidente.
"A criança foi rapidamente assistida pelos Bombeiros Voluntários do Zambujal e transportada para o Hospital de Santa Maria", em Lisboa, onde apesar dos esforços médicos viria a falecer, acrescentou.
Cardoso Pereira confirmou anteriores informações obtidas pela agência Lusa de que a vítima mortal era filho de um dos ocupantes da viatura, esclarecendo que não tinha ainda dados que confirmassem se o pai era o condutor e se a idade do menor era 11 ou 12 anos.
Confirmou igualmente que dentro da carrinha existia material furtado do estaleiro da quinta de Santo Antão do Tojal, sem contudo revelar se existia qualquer arma dentro da viatura, situação que está a ser apurada por uma equipa da Polícia Judiciária que se encontra no local a recolher todos os vestígios.
"As circunstâncias estão a ser avaliadas e averiguadas pela GNR e pela Polícia Judiciária", vincou.
O tenente-coronel Cardoso Pereira disse ainda que "a GNR agiu de pronto e conseguiu localizar em flagrante delito os suspeitos", que já eram conhecidos pelos militares da Guarda por actividades ilícitas, mas considerou "lamentável este desfecho que culminou na morte de uma criança".
Relativamente ao militar que foi alvo de tentativa de abalroamento, o responsável da GNR afirmou que "conseguiu salvar a vida", tendo sofrido apenas algumas escoriações ás quais foi tratado no Hospital de Santa Maria, já tendo tido alta.
Perante a acusação de familiares dos suspeitos de que há perseguição da GNR à comunidade cigana daquela zona, Cardoso Pereira disse não ter os ciganos na conta de delinquentes, "nem registos recentes que dêem credibilidade a esta teoria", admitindo que seja "uma resposta a quente".
ARA.
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