Tocar no rosto, "um mecanismo de aquisição e transmissão"

por RTP
“O toque frequente no rosto, principalmente durante períodos de endemicidade ou surto, tem o potencial teórico de ser um mecanismo de aquisição e transmissão” Jose Luis Gonzalez - Reuters

Foi realizado um estudo com alunos de medicina da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, que comprovou que o hábito de tocar no rosto tem implicações importantes para a saúde. Sob a lupa da investigação esteve a frequência dos contactos em áreas mucosas e não-mucosas da face.

Numa altura em que está comprovado que o novo coronavírus é transmitido de pessoa para pessoa, através de pequenas gotículas do nariz ou da boca, a higiene das mãos é um método preventivo essencial para interromper o ciclo de transmissão.

Segundo os investigadores do estudo Face touching: A frequent habit that has implications for hand hygiene, as mãos são consideradas um vetor comum para a transmissão de infeções, nomeadamente as respiratórias. Estas infeções podem ser transmitidas por autoinoculação que é um tipo de transmissão de contato em que as mãos contaminadas de uma pessoa contactam com outros locais do corpo.

“O toque frequente no rosto, principalmente durante períodos de endemicidade ou surto, tem o potencial teórico de ser um mecanismo de aquisição e transmissão”, pode ler-se no estudo.

A Staphylococcus aureus, uma bactéria frequentemente encontrada na pele e nas fossas nasais, está presente em cerca de 25 por cento da comunidade e, pode ser transmitida, através do toque no rosto, por indivíduos frequentemente expostos a possíveis portadores.

De acordo com o estudo, “foram observados 26 alunos que fizeram 2.346 toques no rosto durante 240 minutos. Dos toques na face, 56 por cento envolviam regiões não mucosas, enquanto 44 por cento envolviam contato com as membranas mucosas”.

“Dos 1.322 toques na membrana não mucosa, a maioria envolveu o queixo, ou seja, cerca de 31 por cento; seguido das bochechas com 29 por cento; cabelos, com 28 por cento; pescoço, com oito por cento e orelha com quatro por cento”, pode ler-se no estudo.

Os investigadores descobriram ainda que os “1.024 toques envolvendo uma região da membrana mucosa, 36 por cento foram na boca, 31 por cento envolveram o nariz, 27 por cento os olhos e seis por cento, uma combinação das membranas mucosas”.

Ao longo de uma hora, em média, os indivíduos tocaram 23 vezes na cara, com uma duração do toque na boca de dois segundos, no nariz e nos olhos de um segundo.

Já durante a pandemia do H1N1, foi observado que os indivíduos em média tocavam na cara cerca de três vezes por hora.

Os investigadores alertaram que dada a alta frequência de toques na boca e nariz “realizar a higiene das mãos é um método preventivo essencial para interromper o ciclo transmissão”.
O caso do novo coronavírus

Quanto à forma exata de transmissão entre os humanos, ainda não existe informação suficiente. Contudo, ao que parece, a transmissão ocorre por via respiratória, através de pequenas gotículas do nariz ou da boca. Estas estão transmitidas por tosse, espirros ou secreções de pessoas infetadas.

O expelido pode permanecer durante algum tempo em objetos e superfícies. Caso haja contacto com os objetos contaminados e posteriormente o toque nos olhos, no nariz ou na boca, os indivíduos podem ficar infetados.

Outra indicação existente é que a transmissão do vírus pode acontecer antes de qualquer sintoma. De acordo com vários estudos, o vírus é transmitido maioritariamente pelo com gotículas respiratórias e não pelo ar.

A transmissão através das fezes também pode acontecer. Apesar disso, esta não é a principal forma de transmissão.
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