Trabalhadores dos SMAS "indisponíveis" para a nova concessionária

Os trabalhadores dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) de Matosinhos manifestaram-se hoje "indisponíveis" para trabalhar para a Indaqua, a empresa privada a quem a câmara entregou a concessão dos serviços, revelou fonte sindical.

Agência LUSA /

"Todos se mostraram contra a proposta de serem requisitados para trabalhar para a empresa privada", disse à Agência Lusa o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL), José Avelino.

O dirigente sindical falava no final de um plenário do sector operário dos SMAS, constituído por 80 dos 232 trabalhadores que compõem actualmente a empresa.

Contactado pela Lusa, o vice-presidente da autarquia e presidente do Conselho de Administração dos SMAS, Guilherme Pinto, declarou que a opção de integrar ou não a nova concessionária terá que ser tomada de uma forma "individual" e fruto de uma "reflexão serena e tranquila" sobre o assunto.

Guilherme Pinto manifestou-se ainda convencido de que a "esmagadora maioria" dos trabalhadores terá interesse em continuar a trabalhar nos SMAS.

"Estamos muito longe de dizer o que quer que seja", frisou o autarca socialista, sublinhando que as propostas concretas a apresentar aos trabalhadores só ficarão definidas no final do período de negociação do contrato (que tem a duração prevista de 70 dias úteis).

Segundo Guilherme Pinto, é também do interesse da concessionária que a "esmagadora maioria" destes trabalhadores fique, mas o direito de opção dos trabalhadores será sempre respeitado e, se algum deles não aceitar a trabalhar para a empresa privada, será integrado nos serviços da autarquia, conforme a lei prevê.

"Obviamente que a Câmara encontrará as melhores soluções para enquadrar os trabalhadores que rejeitarem trabalhar para a empresa", garantiu o autarca, considerando, no entanto, "que será bem mais estimulante que continuem nas suas funções".

O sindicalista, por sua vez, sustentou que aquilo que a empresa diz oferecer é "ridículo", já que fala num aumento mensal de 0,5 por cento que, na prática, na maioria dos trabalhadores, corresponde a uma subida de 2,5 euros no seu salário.

De acordo com João Avelino, a solução deste problema está nas mãos da autarquia, pois "se a maioria dos 200 trabalhadores decidir pela integração noutros serviços camarários esta ficará a braços com um problema sério".

Apesar da contestação do STAL, a Câmara de Matosinhos aprovou, segunda-feira, em reunião privada do executivo, com o voto contra da CDU, a concessão dos SMAS à Indaqua por um período de 25 anos.

Na ocasião, Guilherme Pinto referiu aos jornalistas que só através desta concessão será possível "manter um serviço de qualidade", uma vez que, face aos constrangimentos financeiros das autarquias, devido à impossibilidade de contrair dívidas à banca, a Câmara ficou "impedida de acabar a rede de saneamento".

Conforme sustentou, aquela empresa "vai investir 66 dos 83 milhões de euros nos próximos cinco anos na execução de 316 quilómetros de infra-estruturas, ao ritmo de 65 quilómetros ao ano".

"Vai ainda permitir aumentar a capacidade de reservas de água em 45 por cento, com o benefício directo para os cidadãos, que verão uma redução do preço da factura que estimo em seis por cento", concluiu.

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