Tráfico de pessoas para exploração sexual e laboral aumenta em Portugal - inspectora do SEF

Sintra, 15 Abr (Lusa) - A inspectora superior do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) considera que o tráfico de pessoas para exploração sexual e laboral está a aumentar em Portugal, crimes que têm que ser combatidos com cooperação das polícias internacionais.

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"Se uma realidade era mais conhecida até agora, o facto do tráfico de pessoas para efeito laboral ter sido criminalizado e começar a haver recolha de dados e investigações a esta realidade, demonstra que ambas as realidades estão a subir", disse aos jornalistas a investigadora do SEF Luísa Maia Gonçalves.

Após uma campanha de sensibilização contra o tráfico de seres humanos, em São Marcos, Sintra, a inspectora superior do SEF adiantou que "esta é uma actividade altamente rentável que vem logo a seguir ao tráfico de armas ou de drogas".

"A realidade é essa: temos tráfico de seres humanos", sublinhou Luísa Maia Gonçalves, adiantando "ser ainda muito cedo para fazer balanços em termos de números".

Segundo a inspectora do SEF, "tem que haver uma cooperação entre as polícias dos diferentes países" para combater este tipo de crimes que, em Portugal e na Europa, "se começa a verificar em grande escala através do tráfico de seres humanos para fim sexual, laboral e se calhar de alguma eventual escravatura doméstica".

O inspector-geral da Administração Interna, António Clemente Lima, assistiu ao evento e disse à Lusa que "a relação dual do circuito de tráfico de pessoas entre os países de origem e os de recepção tem funcionado ao nível das polícias".

"As nossas forças de segurança estão atentas e têm feito um trabalho de algum detalhe sobre este tipo de rotas [de tráfico humano]. Há uma boa comunicação com as organizações de segurança estrangeiras, o que é essencial neste tipo de prevenção", adiantou.

Relativamente ao tráfico infantil, a inspectora do SEF, referiu que em Portugal houve "casos de tráfico de crianças para efeitos de mendicidade e para a prática de outros crimes" e sublinhou que, relativamente ao tráfico para efeitos sexuais, "não convém confundir a pedofilia com o tráfico de crianças".

"Uma coisa é certa, este tipo de fenómenos quando começam a acontecer em países próximos do nosso temos que estar prevenidos para eles e, neste momento, começa a haver alguma sensibilidade que a questão nos pode afectar mais do que aquilo que se terá pensado", disse.

Relacionado com o tráfico de seres humanos está o tráfico de órgãos, situação que Luísa Maia Gonçalves desmente existir em Portugal.

"Em Portugal não há conhecimento de tráfico de órgãos. As histórias que se contam em que a pessoa acordou sem um órgão nalgum supermercado ou numa loja são de todo irreais, até porque não era possível a remoção de órgãos para efeito de tráfico sem meios tecnológicos sofisticados em termos de equipamentos de saúde", referiu a inspectora do SEF.

Luísa Maia Gonçalves nomeou o Brasil, os países de Leste e a Nigéria como os principais pontos de origem do tráfico de seres humanos para o nosso país.

"A nacionalidade brasileira representou um número muito grande, não forçosamente em tráfico de seres humanos, mas em situações que também podem resvalar nessas, e os países de leste que, embora há uns anos atrás o crime não fosse tipificado como tal, representaram o tráfico de seres humanos para exploração laboral", referiu.

"A realidade da Nigéria é uma realidade muito recente em Portugal, mas não na Europa. Em termos de rotas vindas da Nigéria é problemática pela sofisticação que envolve em termos de criminalidade e outros fenómenos de criminalidade associados ao tráfico de seres humanos e de droga", disse ainda a responsável do SEF.

JYR.

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