Trezentas mordomas carregadas de ouro abriram Romaria d`Agonia que decorre até segunda-feira
O desfile da mordomia abriu hoje a Romaria d`Agonia, que decorre em Viana do Castelo até segunda-feira, tendo o cortejo etnográfico, a festa do traje, a serenata e a procissão ao mar como outros pontos altos.
Cerca de 300 mordomas desfilaram pelas ruas da cidade de Viana do Castelo, abrindo a edição 2007 da Romaria d`Agonia com aquela que será, porventura, a maior "exposição" ao ar livre de ouro no País, já que cada mulher chega a carregar ao pescoço mais de três quilos daquele metal precioso.
No sábado, os destaques da romaria vão para o cortejo etnográfico, às 16:00, subordinado ao tema "A cerâmica de Viana através dos tempos", e para a festa do traje, à noite, no Castelo de Santiago da Barra.
O ponto alto de domingo é a serenata, sessão de fogo no rio Lima e na ponte Eiffel, enquanto o último dia ficará marcado pela procissão ao mar, pelas ruas da Ribeira e por cima de autênticos tapetes floridos confeccionados durante toda a noite por gente simples e devota, na esmagadora maioria pertencente a famílias de pescadores.
A Romaria de Nossa Senhora da Agonia é considerada uma das principais festividades do País, remontando as suas origens a uma via-sacra referenciada em documentos do século XV.
A via-sacra partia do convento franciscano de Santo António e terminava no antigo Morro da Forca, bem visível do alto mar, onde se colocava a bandeira quando existia peste na povoação.
Nesse local foi construída, em 1674, a Capela do Bom Jesus do Santo Sepulcro, depois sucessivamente denominada do Santo Cristo e da Via-Sacra.
A devoção a Nossa Senhora da Agonia surgiu em 1751, quando a imagem da santa entrou na capela, o que fez aumentar de forma considerável o número de promessas e ofertas.
A Igreja de Nossa Senhora da Agonia começou a ser construída em 1774 e deu-se por concluída três anos mais tarde.
Ainda no século XVIII, em 1783, a Sagrada Congregação dos Ritos concedeu licença para que todos os anos pudesse ser celebrada naquele local, a 20 de Agosto, uma missa solene.
Por essa razão, passou a ser celebrada anualmente naquela data uma missa solene em honra de Nossa Senhora da Agonia, ficando esse dia como feriado municipal.
A feira franca associada à romaria surgiu em 1772, na sequência de um pedido feito ao rei D. José, mas, devido a alguma contestação, a feira apenas adquiriu regularidade a partir de 1800.
A Romaria de Nossa Senhora da Agonia, tal como hoje se conhece, surgiu em 1823, numa decisão da confraria justificada com "o afluxo de gente de fora e com a vinda dos romeiros que traziam sal, maçarocas de linho, moedas de ouro, bezerros e peças de vestuário em retribuição das graças alcançadas".
O aumento dos visitantes fez com que o percurso pedestre deixasse de ter condições para receber tanta gente, pelo que foi decidido fazer uma escadaria nas traseiras da capela, "abrindo porta e caminho em redor da capela para que o povo possa fazer a sua romaria sem andar por dentro do santuário".
Em 1862, os registos apontam a presença de mais de 50 mil pessoas no espectáculo de fogo de artifício, em 1871 as touradas são incluídas no programa das festas e em 1893 aparecem, pela primeira vez, os gigantones e os cabeçudos.
O primeiro desfile do traje surgiu em 1906 e, dois anos depois, o programa incluiu, pela primeira vez, a parada agrícola, antecessora do actual cortejo etnográfico, tendo-se realizado em 1968 a primeira Procissão ao Mar.