Tribunal de Instrução de Braga manda a julgamento 23 arguidos por tráfico droga
O Tribunal de Braga decidiu hoje enviar a julgamento os 23 arguidos de um processo por tráfico de droga no Bairro Social de Santa Tecla em Braga, disse à Agência Lusa fonte judicial.
A fonte adiantou que a decisão, tomada no final do debate instrutório, foi contestada pelo advogado de defesa dos principais suspeitos, João Peres, que defendeu que uma parte das escutas telefónicas e as imagens recolhidas pela PSP não são juridicamente válidas.
Esta tese não foi aceite pelo Tribunal, que considerou válidas tanto as escutas como as imagens - um dos principais factores de prova em julgamento -, já que foram obtidas com permissão de um juiz.
Fonte conhecedora do processo disse à Lusa que o advogado poderá recorrer da decisão, o que - a verificar-se - provocará o adiamento da marcação do julgamento, até que o tribunal se pronuncie.
Segundo a fonte, os 23 suspeitos integravam uma alegada rede de venda de droga a retalho considerada pela PSP como "o hipermercado de estupefacientes da cidade".
A rede seria liderada por uma mulher de 28 anos, que continuou o "negócio" que havia sido montado pelo marido, que já tido sido preso pela PSP.
No inquérito enviado ao Tribunal, a polícia diz que, nos últimos seis anos, o Bairro Social de Santa Tecla, onde vive uma vasta comunidade de etnia cigana, foi alvo de inúmeras rusgas por causa do tráfico de droga e que a maioria dos residentes se dedica a esta actividade.
A rede, desmantelada no início do ano, abrangia três familiares directos daquela arguida e outros consumidores de droga, que vendiam pacotes de cocaína e de heroína, muitas vezes a troco da sua própria dose.
Estes consumidores serviriam também como vigilantes da alegada chefe do negócio, permanecendo à entrada do Bairro para a avisar caso a polícia chegasse.
Os principais arguidos estão indiciados pela prática dos crimes de tráfico de droga agravado, receptação e dissimulação de bens, havendo alguns ainda acusados de resistência e coacção sob a autoridade policial, por terem disparado contra a PSP.
Durante as rusgas feitas às casas dos arguidos foram apreendidas, várias armas, cerca de meio quilo de estupefaciente, sete mil euros em dinheiro, objectos em ouro e dois carros.
O Tribunal procedeu também ao arresto de um apartamento T3 que a arguida terá adquirido na freguesia de São Vítor com os proventos do tráfico.
O Bairro Social de Santa Tecla, sedeado ao lado da cantina e das residências universitárias, é, a par do bairro do Monte Picoto, uma das zonas da cidade mais conotadas com o tráfico de droga.