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Trotinetes. Câmara de Lisboa proíbe passagem em jardins, zonas pedonais, grandes estradas e faixas BUS
No acordo que vai ser assinado este mês com os operadores, mas ainda sem previsão para começar, as trotinetes deixam de passar em várias zonas, mas vão ser incluídas no passe Navegante. Nesta entrevista à Antena 1, o vice-presidente Filipe Anacoreta Correia dá ainda o tiro de partida para as autárquicas: "gostava que Carlos Moedas fosse candidato".
"Desafiamos os operadores por via digital a permitirem que a trotinete bloqueie em determinadas zonas que são identificadas onde as trotinetes não deverão poder circular", revela Filipe Anacoreta Correia.
E especifica, no acordo que vai ser assinado, os locais onde serão proibidas: além de faixas BUS, "vamos fazer isso em jardins, em zonas que são exclusivamente pedonais e em artérias que são rodoviárias centrais", dando como exemplo a Avenida da Liberdade. Recordou também outra medida que já tinha sido tomada: a redução do número de trotinetes, que diz ter baixado 73 por cento ao longo do mandato, havendo agora cerca de seis mil na cidade.
Agora, anuncia que vão poder ser usadas gratuitamente pelos residentes em Lisboa que tenham passe Navegante, à semelhança do que acontece com alguns parques de estacionamento e com as bicicletas Gira, mas avisa que ainda pode levar algum tempo a concretizar-se.
"Segundo os operadores nos transmitem, precisam de um tempo para assumir essa implementação, que poderá ir até dois meses", explica, já que é preciso interligar sistemas com os Transportes Metropolitanos de Lisboa, que gerem o Passe Navegante.
Assumindo que as restrições são uma forma de “melhorar o espaço público”, Filipe Anacoreta Correia diz que as mais valias que têm sido incluídas no passe Navegante pretendem fazer dele uma “alternativa plenamente satisfatória em termos de mobilidade” para que as pessoas possam “prescindir do carro”. "Seria positivo" acabar com portagens na CREL
Nesta entrevista à Antena 1, o vice-presidente da Câmara de Lisboa defende que deviam acabar as portagens na CREL (Circular Regional Exterior de Lisboa), a autoestrada que liga Caxias e Alverca. Aponta uma relação com a sobrecarga na Segunda Circular, reconhecendo que há um volume crescente de trânsito que entra, mas não fica em Lisboa.
"Eu julgo que os movimentos de atravessamento da cidade poderão estar a aumentar", afirma com base em "algumas plataformas tecnológicas", que indicam que em algumas horas da manhã mais de 20 por cento das entradas através da Ponte 25 de Abril "são destinadas a outras zonas que não Lisboa” e “vão para Cascais, para a A5, para Sintra ou para outras zonas".
Referindo que estão a analisar os números do Instituto da Mobilidade e dos Transportes, que no final do segundo trimestre do ano passado falava de mais de 390 mil carros a entrar em Lisboa, há uma estrada que Anacoreta Correia destaca.
“Hoje nós temos uma CREL que é paga e temos uma Segunda Circular que não é paga”, diz, considerando que “seria positivo” abolir estas portagens. Questionado se esse tráfego significa que vários operadores, como o Metro de Lisboa, a CP, a Fertagus ou a Transtejo/Soflusa, deviam dar outras respostas, Filipe Anacoreta Correia pede "soluções" e aponta que "alguma dessa degradação" nos transportes "pode resultar também pelo facto de ter cada vez mais procura".
"Nós temos ecos de muita população que trabalha em Lisboa e que vem de fora, e que faz a crítica de uma certa degradação do serviço público", sublinha.
Confirmado: o LIOS Ocidental será um sistema de autocarros
Depois de no ano passado ter admitido esta hipótese no LIOS Ocidental (entre Lisboa e Oeiras), o vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa diz que o projeto “será apresentado em breve” com um sistema BRT (Bus Rapid Transit, um sistema de autocarros adaptados em via própria).
“No caso do Oriental [entre Lisboa e Loures] é elétrico, portanto não é o chamado BRT”, enquanto “no caso do Ocidental a opção será outra”, diz.
As câmaras de Lisboa e Oeiras aguardavam o decurso de estudos técnicos, e agora Filipe Anacoreta Correia afirma que “o projeto evoluiu muito face à sua ideia inicial”.
“Está melhor no sentido em que vai mais ao encontro da população, tem uma interseção com o miolo urbano e isso também levanta maiores exigências”, seja “em termos de curvas” ou “inclinações de alguns arruamentos”. Os presidentes das juntas da Ajuda e de Alcântara já tinham deixado críticas a esta hipótese, incluindo a uma possível diminuição da capacidade de transporte.
Sobre isto, Anacoreta Correia diz apenas que “hoje em dia há BRTs com capacidade de extensão grande”, sem detalhar a possível capacidade de uma composição.
Quanto à Carris, em entrevista à Lusa, o presidente da transportadora reconheceu o problema da gradual redução da velocidade dos autocarros em Lisboa, apontando estar a conversar com a câmara municipal para ter mais corredores BUS.
O autarca confirma, mas não estabelece metas - existem cerca de 75 quilómetros de corredores BUS atualmente em Lisboa.
Em relação à notícia que a Antena 1 revelou, em abril, de que a Empresa de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL) considerava que o aumento dos dísticos verdes poderia pressionar outras estratégias de estacionamento, Filipe Anacoreta Correia diz que estão a “encorajar uma renovação de frota para energias limpas”.
Questionado se vão manter o benefício como está, gratuito e para residentes e não residentes da cidade, é perentório: “hoje é para manter, com a noção de que no futuro isso tem que ser sempre reavaliado, e as políticas públicas servem para encorajar mudanças”.
“Gostava muito que Carlos Moedas fosse candidato”
Com as eleições autárquicas à porta, Filipe Anacoreta Correia espera uma decisão de Carlos Moedas, se vai ou não se recandidatar à Câmara Municipal de Lisboa. Mas desde já o vice-presidente quer uma nova coligação de direita, e declara o apoio para um novo mandato.
“Gostava muito que o engenheiro Carlos Moedas fosse candidato, acho que era bom para a cidade”, afirma Anacoreta Correia, que diz que cabe ao presidente definir o calendário de uma eventual recandidatura.
Para Anacoreta Correia, uma nova coligação à direita com o PSD “é o que faz sentido” e diz que apoiará essa solução “independentemente de estar a figurar ou não nas listas”. Esta posição surge ao mesmo tempo que o ainda vice de Moedas disse na Rádio Observador que ia desfiliar-se do CDS, defendendo também a entrada da Iniciativa Liberal na coligação.