Um bronze tropical ao virar da esquina em pleno Inverno

No ambiente requintado de um clube privado ou na azáfama de um centro comercial, cada vez mais pessoas procuram os serviços de bronzeamento artificial para exibir no Inverno um ar tropical, sem ter de sair do país.

Agência LUSA /

Com o aproximar das festas, os solários começam a ser mais procurados, mas a época alta neste sector vai de Janeiro ao final de Junho, disse à agência Lusa Reinier Kuipers, proprietário do Estúdio Solar, que dispõe de seis unidades na área de Lisboa.

"O top deve ser em Abril", estima o empresário, afirmando que no Estúdio Solar se bronzeiam 1.500 a 2.000 pessoas por semana.

Reinier Kuipers, natural da Holanda, afirma que no seu país os centros de bronzeamento artificial estão instalados há já 30 anos e que em Portugal o negócio ainda não tem expressão.

A ideia de desenvolver a actividade em Portugal nasceu de necessidade própria.

"Trabalhava à noite e estava sempre branco. Queria bronzear-me e não tinha onde. Só havia solário em clubes privados, para sócios", conta Reinier Kuipers, ex-proprietário do bar Incógnito e actualmente a explorar o Blues Café.

Quando abriu o Colombo, em 1997, apresentou uma proposta para abrir um centro de bronzeamento e o sucesso desta experiência levou à expansão do negócio.

A clientela é muito diversificada e dominada actualmente por mulheres: "Já foi metade/metade. Nos últimos anos notámos subida nas senhoras e menos homens".

Segundo Reinier Kuipers, é muito difícil definir um cliente tipo porque o solário é frequentado por pessoas de todos os estratos sociais, "desde prostitutas e streepers a juízes e donas de casa".

Os jovens procuram pouco e o empresário assegura que, mesmo antes de aprovada a legislação que regula o sector, já não aceitava bronzear pessoas com menos de 18 anos.

A interdição a menores de 18 anos, grávidas e pessoas com sinais de insolação consta da legislação aprovada em Conselho de Ministros a 15 de Setembro..

O empresário manifesta-se satisfeito por o Governo ter legislado sobre a matéria e espera que acabe a exploração de máquinas de ultravioleta em ginásios e hotéis, através da introdução de fichas pré-compradas pelo cliente, sem o devido acompanhamento.

"Já tínhamos uma grande auto-regulação e teremos de fazer poucas adaptações (à lei)", afirma Reinier Kuipers, revelando que os clientes quando chegam não estão informados sobre os procedimentos correctos.

"Há pessoas que chegam aqui completamente brancas e dizem - Amanhã tenho um casamento, quero bronzear-me - não é assim. Ninguém se bronzeia numa única sessão", esclarece.

De acordo com este responsável, os clientes podem optar pacotes de senhas para fazer o bronzeamento faseado e é o empregado que decide a duração da sessão: "o cliente não pode decidir".

A avaliação deve ser feita em função do tipo de pele, tonalidade, se tem sinais, cor do cabelo e olhos e se a pessoa já está bronzeada ou não.

"Digo sempre para olharem para as mãos dos clientes", diz o empresário, frisando que o rosto está mais exposto e pode ter maquilhagem: "normalmente a pele das mãos está mais branca", explica.

A primeira sessão pode durar apenas cinco minutos numa máquina suave. O máximo são 20 minutos numa máquina suave e 15 numa potente, revela.

"Aconselhámos sempre o uso de cremes e óculos, vendemos os óculos a preço de custo (1,5 euros) para estimular o cliente a usar os seus próprios óculos", acrescenta.

"Normalmente recusamos bronzear pessoas com pele tipo 1, como a Nicole Kidman, muito brancas, com olhos claros e habitualmente de cabelo ruivo", exemplifica.

Apesar da legislação, o Governo adverte que a existência de uma regulamentação adequada "não torna a exposição ao bronzeamento artificial uma prática recomendável aos consumidores, pelo que estes deverão evitá-la".

Reinier Kuipers rebate que na Holanda existem solários em quase todas as esquinas e não consta que tenha havido um grande surto de cancro na pele.

O empresário argumenta ainda que os casos de cancro na pele que Portugal está conhecer devem-se a longas e repetidas exposições ao sol na praia, em consequência do clima e da grande costa do país, bem como à facilidade de mobilidade conquistada nos últimos 20 anos.

"Também faz mal fumar, comer pastéis de nata e ir à praia sem moderação", ironiza o empresário, alegando que na praia não existe o controlo que existe num solário.

Segundo o empresário, em Portugal haverá cerca de 20 centros de bronzeamento, sem contar com os equipamentos existentes em ginásios, hotéis e institutos de beleza.

"Na Alemanha, há 6.000 com uma média de 10 camas cada", refere Reinier Kuipers, avançando que nos países do Norte da Europa está a desenvolver-se um negócio que ainda não chegou a Portugal, a comercialização de máquinas de bronzeamento, disponíveis em vários modelos, para ter em casa.

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