Um dos medicamentos vai custar quase metade a partir de hoje
Um dos dois medicamentos à venda em Portugal para tratar a obesidade custa, a partir de hoje, menos 38 por cento, em virtude de um projecto pioneiro que visa combater uma doença que atinge quase metade dos portugueses, informou o laboratório.
O medicamento em questão tem como substância activa a sibutramina e contribui para produzir uma sensação de saciedade.
Sujeito a receita médica, mas não comparticipado, este medicamento só deve ser administrado mediante vigilância clínica.
O seu elevado custo - 45,20 euros por cada embalagem de dez miligramas - era um dos obstáculos para os obesos em Portugal, sendo esta uma das razões por que o presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, José Luís Medina, aplaudiu a medida hoje anunciada pelos laboratórios Abbott.
"A luta contra a obesidade não se limita à resposta farmacológica, mas passa essencialmente pela prevenção e pela adopção de hábitos saudáveis, nomeadamente alimentares", disse à Lusa o presidente da Sociedade.
Contudo, acrescentou, "existem muitos casos em que estes medicamentos têm de ser prescritos, e se os doentes não os conseguem pagar, ficam impossibilitados de os tomar", afirmou.
A partir de hoje, este medicamento custa menos 38 por cento em Portugal, um dos primeiros países a beneficiar desta política, seguindo-se Espanha e Bélgica. Em Maio, a redução deve estender-se ao resto da Europa.
O laboratório determinou esta redução para "tornar mais acessível o medicamento mais utilizado para o tratamento desta importante doença crónica" que é a obesidade.
Além da sibutramina, está à venda em Portugal um outro fármaco contra a obesidade que tem como substância activa o orlistato e que custa 83,85 euros por embalagem.
Para o presidente da Associação de Obesos e Ex-Obesos de Portugal (ADEXO), Carlos Oliveira, a redução do custo da sibutramina "irá contribuir para que mais doentes portugueses tenham acesso à terapêutica correcta que, quando prescrita, necessita de medicação entre seis a oito meses".
Esta redução irá "melhorar a qualidade de vida" destes doentes, acrescentou, lembrando que a obesidade é uma doença que, em Portugal, "mata mais de 1.500 pessoas por ano".
Trata-se de uma doença que "muitas vezes é subvalorizada, sendo vista apenas como um problema estético, em detrimento da forte associação que têm as doenças como a diabetes, a hipertensão ou a asma", refere Carlos Oliveira.
De acordo com um estudo do professor João Pereira, da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), os custos totais da obesidade em Portugal ascendem a 497 milhões de euros.
Uma pessoa é considerada obesa quando o seu peso for pelo menos 20 por cento maior do que o considerado ideal para sua altura.
Em todo o mundo, a obesidade afecta 250 milhões de pessoas e é a causa de outras doenças, como a diabetes (57 por cento), litíase biliar (30 por cento), doença coronária (17 por cento), hipertensão (17 por cento), osteoartrite (14 por cento), cancro da mama (11 por cento), cancro do útero (11 por cento) e cancro do cólon (11 por cento).