Uma centena de pessoas concentrou-se pela reabertura da maternidade na Figueira da Foz
Cerca de uma centena de pessoas, entre as quais várias crianças, concentrou-se hoje perto do Hospital Distrital da Figueira da Foz (HDFF), numa vigília pela reabertura do bloco de partos daquela unidade de saúde.
O bloco de partos e as urgências de obstetrícia e ginecologia do HDFF encerraram a 04 de Novembro de 2006, altura em que as grávidas passaram a ser encaminhadas para as Maternidades Daniel de Matos e Bissaya Barreto, em Coimbra, e Hospital de Santo André, em Leiria.
A iniciativa de hoje, promovida pelo movimento cívico "Nascer na Figueira" congregou autarcas e populares, entre os quais duas mães que deram à luz numa ambulância, na auto-estrada A-14 (Figueira da Foz-Coimbra), meses após o encerramento daquele serviço.
Ana Redondo, administradora da empresa municipal Figueira Grande Turismo (FGT), relatou a sua experiência - "uma aventura com final feliz" como lhe chamou, sobre o nascimento do seu filho Gonçalo, na manhã de 21 de Março, ao quilómetro 23 daquela via.
Para além do filho, "uma criança saudável" ter nascido na auto-estrada, a bordo de uma ambulância, Ana Redondo explicou que o "azar" continuou à chegada à maternidade Daniel de Matos.
"Apanhei a mudança de turno e não foi nada fácil. Acho que a maternidade da Figueira da Foz tem de reabrir", defendeu.
Gonçalo foi a segunda criança, no espaço de 15 dias, a nascer na auto-estrada a bordo de uma ambulância - a 08 de Março nasceu ao quilómetro 17 uma menina de ascendência chinesa - e, mais recentemente, a 16 de Maio, foi a vez de Aldina Figueiredo dar à luz Micaela, também a caminho de Coimbra.
"Tinha muitas dores, tive de chamar a ambulância e ir para Coimbra. Com os solavancos da estrada a Micaela nasceu logo ali" disse aos jornalistas a mãe da criança, sobre o parto ocorrido ao quilómetro 33 da A-14, assistido, tal como os restantes, por um médico do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).
Já Duarte Silva, presidente da autarquia da Figueira da Foz, lembrou que a Câmara se opôs, desde o início, à decisão do Ministério da Saúde em fechar o bloco de partos.
"Os resultados estão à vista. Se é com nascimentos em ambulâncias que querem ter mais segurança, então [encerrar] não foi uma boa solução", disse.
Apelou aos responsáveis da Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro e Ministro da Saúde para que "repensem a situação e voltem atrás" na decisão.
Por entre crianças que se entretinham a pintar um painel colocado na parede da junta de freguesia, animação de rua e populares segurando balões coloridos, Silvina Queirós, dirigente do movimento "Nascer na Figueira" sustentou a "razão" que assiste a quem contesta o encerramento da maternidade e pugna pela sua reabertura.
"Temos a razão do nosso lado e a população connosco. Não vai ser fácil [conseguir a reabertura] mas é um desafio", frisou.