Urgência do Hospital de Ponte de Lima funciona em instalações "vergonhosas e impróprias"

O Serviço de Urgência do Hospital de Ponte de Lima funciona em instalações "vergonhosas" e que "não são próprias de um país desenvolvido", admitiu hoje o presidente da administração daquela unidade.

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"São instalações que nos envergonham", disse Martins Alves, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Alto Minho (CHAM), que integra os hospitais de Viana do Castelo e de Ponte de Lima.

No entanto, Martins Alves adiantou que já está a ser elaborado o projecto para a remodelação daquelas instalações, que vão acolher um dos dois serviços de urgência básica (SUB) previstos para o Alto Minho, no âmbito do processo de reestruturação da rede nacional de urgências.

Martins Alves, que falava à margem da cerimónia que assinalou a chegada do gás natural a Ponte de Lima, acrescentou que ainda não são conhecidos nem o prazo das obras nas Urgências nem o investimento, uma vez que "tudo dependerá" do projecto que vier a ser aprovado.

Em Maio de 2006, no decorrer de um fórum sobre o Hospital de Ponte de Lima, Martins Alves já tinha denunciado que a situação daquelas instalações é de tal forma grave que, "caso se tratasse de uma empresa privada, já estava fechada há anos".

Na altura, o responsável explicou que o CHAM "não tem dinheiro" para as necessárias obras de remodelação daquelas instalações, que teriam de ser exclusivamente suportadas por esta entidade, já que, por ser empresa, não tem hipótese de recorrer ao Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC).

Martins Alves estimava que seriam necessários mais de 500 mil euros para reabilitar as instalações, um investimento que o CHAM não estava em condições de suportar, face ao elevado défice acumulado.

"Neste momento, e uma vez que o hospital vai acolher o SUB, já há a possibilidade de as obras serem financiadas pelo Ministério da Saúde", referiu hoje Martins Alves.

No referido fórum, também o coordenador da Administração Regional de Saúde do Norte (ARSN), Maciel Barbosa, disse que as instalações do Serviço de Urgência do Hospital de Ponte de Lima "são péssimas" e acusou a anterior administração do CHAM de mentir quando anunciou o lançamento das respectivas obras de remodelação.

"Quando cheguei à ARSN, perguntei pelo projecto e ele não existia. Estava-se praticamente no ponto zero, no início do desenho. Não havia nenhum projecto", referiu.

Ana Machado, eleita do CDS-PP na Assembleia Municipal e médica que trabalhou durante anos no Serviço de Urgência de Ponte de Lima, disse que aquelas instalações "podem pôr em risco a vida de qualquer pessoa que lá entra".

Referiu que as condições físicas e de higiene são precárias e que não há espaço suficiente, situação que leva, por exemplo, a que os corredores estejam sempre cheios de macas e o consultório do médico internista e o espaço de enfermagem sistematicamente ocupados por dois ou três doentes.

Denunciou ainda o facto de as nebulizações serem feitas num espaço "completamente fechado, sem o mínimo de arejamento".

"Foi por causa desta falta de condições que em Fevereiro de 2005 os médicos do Centro de Saúde de Ponte de Lima se recusaram a fazer urgências no hospital", recordou Ana Machado.

A sala de espera das Urgências funciona num contentor.

O hospital de Conde de Bertiandos está a ser alimentado por gás natural desde Maio de 2007, o que, segundo Martins Alves, significará uma economia no consumo na ordem dos 30 a 40 por cento.

Em 2006, a unidade hospitalar gastou 124 mil euros com energia.

Hoje, a Portgás entregou um cheque de 7500 euros ao hospital, para gastar em gás natural.

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