"Versalhes algarvia" transforma-se em Pousada de Portugal em 2008
O degradado Palácio de Estói construído no século XVIII no Algarve à semelhança do Palácio de Queluz, conhecido pela "Versalhes portuguesa", passa a ser, em 2008, um luxuoso exemplar da rede "Pousadas de Portugal".
Instalado no tecido urbano da aldeia de Estói, a escassos metros das ruínas romanas de Milreu e a dez quilómetros da capital algarvia, o Palácio de Estói e os seus geométricos jardins de estilo francês vão ser alvo de intervenções em Setembro, após vários anos de degradação, que levou mesmo a várias pilhagens da valiosa estatuária.
O imóvel de interesse público pertenceu no século XVIII à família Francisco José de Carvalhal e mais tarde, nos fins do século XIX, a José Francisco da Silva, o visconde de Estói.
Actualmente, e desde 1987, o edifício senhorial classificado como património municipal, pertence à Câmara Municipal de Faro, que entrega agora as obras de adaptação ao grupo Empresa Nacional de Turismo (ENATUR) - Pousadas de Portugal -, com capitais estatais, que vai transformar o espaço em pousada, explorando o empreendimento durante 50 anos.
O projecto para a pousada histórica, assinado por Gonçalo Byrne e com um orçamento estimado em dez milhões de euros, vai fazer nascer 49 quartos numa ala nova na Horta da Cega, onde se vai construir uma piscina, com bar de apoio, e um spa (zona de relaxamento), contou à agência Lusa o presidente da Junta de Freguesia de Estói, José Paula Brito.
Todas as zonas comuns do palácio, assim como o exterior - jardins, pavilhões de chá, casa do caseiro, cavalariças e galinheiros - vão ser restaurados e reaproveitados para a pousada.
A cozinha, com azulejos do século XIX de estilo barroco, dará lugar ao bar interior da pousada, a sala de jogos transforma-se em "toilettes" e a antiga sala de jantar será um espaço de lazer com móveis ao estilo renascentista.
A divisão mais emblemática do palácio, e idêntica ao salão nobre do Palácio Valle Flor (Lisboa), é o salão nobre, decorado com estuques marmoreados e espelhos e pintado com folha de ouro original do século XVIII, que dará lugar a uma sumptuosa sala de jantar bem ao estilo principesco.
A pequena capela de São José, com altar-mor, coro e púlpito decorados a folha de ouro e imagens celestiais, será restaurada para futuras cerimónias religiosas, nomeadamente casamentos, adiantou José Paula Brito.
Os pavilhões de chá são reaproveitados para zonas de descanso e o jardim - com antigas regas árabes, plantas exóticas seculares e um monumental cipreste - está a ser alvo de um plano de recuperação por parte do arquitecto João Cerejeiro, premiado pela melhor restabelecimento de jardins históricos.
A casa dos caseiros e as cavalariças dão lugar a um equipamento para eventos e conferências e os antigos galinheiros transformam-se em loja de "souvenirs".
Segundo o presidente da Junta de Estói, o projecto da pousada histórica, nascida dentro de um palácio, vai "estar aprovado até Setembro de 2006" e a obra será concluída em "Setembro de 2008", para obedecer aos "prazos impostos pela União Europeia, visto que o orçamento é garantido pelo III Quadro Comunitário de Apoio.
Este ano, a região do Algarve contará ainda com a inauguração de outra pousada de luxo, na cidade de Tavira, que deverá abrir em meados deste ano, após a finalização das obras no Convento da Graça do século XVI-XVII, aumentado o numero de pousadas históricas a Sul do País.
Em 2008, com a abertura da "Versalhes algarvia" em Estói, o Algarve eleva para quatro as suas pousadas - Sagres, de onde há 500 anos saíram as caravelas à descoberta de novos mundos, São Brás de Alportel, que respira a cultura serrana, e Tavira, no Convento da Garça.