Vil Matos reitera oposição à instalação de unidade de resíduos
A população de Vil de Matos, em Coimbra, reiterou a sua oposição à instalação de uma unidade de tratamento mecânico e biológico dos resíduos sólidos urbanos, aprovada para aquela Freguesia pela Câmara Municipal.
"A nossa luta é impedir a instalação da unidade na Freguesia. A nossa preocupação não é com o método, que não mereceu críticas mas sim com o historial de agressões de que temos sido vítimas", disse hoje, à agência Lusa, Fernando Pardal, do grupo de cidadãos que tem protestado contra a decisão, depois de uma sessão de esclarecimento com técnicos da Quercus.
Dirigentes desta associação nacional de defesa do ambiente visitaram, hoje à tarde, o local (Rios Frios) desta Freguesia escolhido para instalar a unidade de tratamento mecânico e biológico de resíduos sólidos urbanos, que vai substituir o actual aterro da Cegonheira, em Taveiro, que terá de encerrar em 2009.
Ao final do dia, reuniram com cerca de uma centena de pessoas da Freguesia de Vil de Matos, no salão polidesportivo, numa sessão de esclarecimento onde os habitantes mostraram grandes dúvidas relativamente ao processo, nomeadamente quanto à libertação de cheiros, depósito de aterro e contaminação dos lençóis de água.
O dirigente Rui Berkmeier manifestou-se favorável ao tratamento mecânico e biológico dos resíduos sólidos urbanos, afirmando que é um processo "inócuo e que permite reciclar mais resíduos".
"A solução, do ponto de vista ambiental, é muito interessante mas ficámos preocupados com a localização, uma vez que existem muitas povoações à volta", disse o dirigente perante a população, acrescentando que serão estudadas outras alternativas no Concelho de Coimbra.
"O importante é ter boas acessibilidades e não estar próximo de habitações, devido à circulação de pesados. Em relação aos solos, o risco é reduzido, porque o aterro é mínimo, não tem matéria orgânica", acrescentou.
De acordo com o dirigente da Quercus, nesta unidade apenas cerca de 20 por cento dos resíduos, sobretudo inertes, serão depositados em aterro e o avanço da tecnologia pode permitir, em breve, o seu aproveitamento, nomeadamente na construção civil.
No final da sessão de esclarecimento, a centena de habitantes da Freguesia situada a Norte do Concelho de Coimbra mostrou-se firme na luta contra a instalação da unidade de tratamento de resíduos na sua localidade.
O presidente da Junta de Vil de Matos, Fausto Matos, anunciou uma visita a 29 de Março às unidades de Amadora e Setúbal, para observação do seu funcionamento.
"Sou contra a instalação da unidade e apoio o movimento de luta mas acho que é importante ver como o sistema funciona", disse o autarca à agência Lusa.
A população da Freguesia queixa-se que "tem sido muito prejudicada em inúmeras obras públicas, como a A-14 e a A-1, e sistematicamente esquecida, apesar de ser chamada a pagar os custos ambientais do progresso", conforme referiu Fernando Pardal.
A unidade de tratamento mecânico e biológico dos resíduos sólidos urbanos foi projectada para aquela localidade com uma capacidade para tratar 500 toneladas diárias de lixos.