"É uma aspiração muito antiga", afirmou à Lusa José Costa Andrade, do Movimento Cívico `Por Vilarinho`, frisando que se trata de "uma questão de proximidade e afectividade".

A freguesia de Vilarinho, com cerca de 4.200 habitantes, tem uma área de cerca de seis quilómetros quadrados e situa-se no extremo nascente do concelho de Santo Tirso, sendo considerada uma das mais ricas deste município do distrito do Porto.

"Estamos colados a Vizela", frisou, no entanto, José Costa Andrade, numa alusão ao facto da sede municipal de Vizela se encontrar apenas a três quilómetros de distância de Vilarinho, enquanto Santo Tirso está a cerca de 14 quilómetros.

Por essa razão, José Costa Andrade salientou que a população de Vilarinho "vai às compras, à feira e ao banco" a Vizela e não a Santo Tirso.

"Fazemos tudo em Vizela. Temos uma empatia muito grande com Vizela, o que não acontece com Santo Tirso", afirmou, recordando que "já houve muitas tentativas (para mudar de concelho), mas sempre foram inviabilizadas pela Assembleia de Freguesia".

Curiosamente, apesar da actual Assembleia de Freguesia (5 elementos do PS, 2 do PSD e 2 da CDU) também se ter recusado a promover a realização de um referendo sobre o assunto, com base num parecer dos serviços jurídicos da Câmara de Santo Tirso, todos os partidos ali representados são favoráveis à consulta popular.

"O PSD considera que a população deve ser ouvida em referendo, deve ter o direito de se expressar", disse à Lusa o social-democrata Nuno Martins, que integra a Assembleia de Freguesia de Vilarinho.

No mesmo sentido se pronunciou Abílio Martins, um dos dois eleitos da CDU naquele órgão local, salientando que o PCP "apoia a realização de um referendo para que se saiba o que o povo pretende".

A mesma ideia foi também defendida pelo socialista Raul Pimenta, para quem "o PS entende que deve ser feito um referendo para que se saiba qual a vontade do povo".

Nuno Martins, Abílio Martins e Raul Pimenta são os três elementos da Assembleia de Freguesia de Vilarinho que integram, juntamente com três membros do Movimento Cívico `Por Vilarinho`, a comissão mista que se desloca quinta-feira a Lisboa para apresentar este problema na Assembleia da República.

A delegação será recebida pela Subcomissão para a Criação de Novos Municípios, Freguesias, Vilas e Cidades, que integra a Comissão Parlamentar do Poder Local, Ambiente e Ordenamento do Território.

A audiência servirá para dar a conhecer aos deputados o dossier relativo a esta questão, mas também para solicitar ao Parlamento que promova a realização de um referendo que permita à população de Vilarinho dizer se pretende continuar no concelho de Santo Tirso ou se prefere a mudança para Vizela.

Entre outros dados, o documento que será entregue aos deputados da subcomissão parlamentar refere que Vizela está a 30 minutos de distância a pé, enquanto a deslocação a Santo Tirso pode demorar três horas.

Por outro lado, os bombeiros de Vila das Aves (a corporação mais próxima no concelho de Santo Tirso) estão a 12 minutos de distância de Vilarinho, enquanto o quartel dos bombeiros de Vizela está apenas a três minutos de distância.

A educação também serve de exemplo, referindo-se no documento que a escola secundária de Vila das Aves dista 9 quilómetros, a de Santo Tirso está a 18 quilómetros, enquanto a de Vizela se encontra apenas a três quilómetros.

O documento, a que a Lusa teve acesso, recorda que a primeira vez que a população de Vilarinho se pronunciou pela integração no concelho de Vizela ocorreu em 1802, tendo essa vontade sido reafirmada em 1977, 1989 e 1998.

A história de Vilarinho remonta aos tempos da fundação da nacionalidade, datando de 1120 a primeira referência ao mosteiro local, dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho.

Os limites da freguesia foram delimitados pelos cónegos deste mosteiro num documento datado de 12 de Setembro de 1701.

Vilarinho fez parte do Termo e Concelho de Guimarães desde a sua fundação até 1836, altura em que uma reforma administrativa a transferiu para o Concelho de Negrelos, que viria a ser extinto em 1855 tendo todas as suas freguesias passado a integrar o concelho de Santo Tirso.