Apesar de alguns contratempos, a equipa de padeiros, que começou a amassar o pão às 20:40 de quarta-feira, atingiu às 05:35 de hoje o gigantesco tamanho, que foi verificado às 13:00 de hoje pela equipa do Guiness Book of World Records.

"O pão ficou inteirinho. Não partiu, nem azedou. Estava +very good+, como disse a senhora do Guiness", afirmou aos jornalistas José Carlos Ferreira, que liderou a equipa de seis padeiros, que foram ajudados por mais três pessoas no guincho que puxava o pão do forno.

Os contratempos ocorridos desde o primeiro dia não desanimaram a equipa. Primeiro foi o atraso na instalação eléctrica, depois problemas no guincho, quando o pão ia já com 600 metros.

"O pão teve de ser arrastado dois dias à mão, com uma espécie de roldana. Se não fossem os problemas no guincho tínhamos feito mais (metros de pão), embora não fosse necessário", disse José Carlos.

O recorde do maior pão com chouriço do Mundo pertencia à Dinamarca, com cerca de 650 metros.

Apesar do atraso inicial, desde que a massa começou a ser tendida a equipa "não perdeu um minuto", fazendo sair o pão do forno a uma média de 12/13 metros por hora.

Ainda que o pão tenha estado exposto ao calor dos últimos dias, José Carlos garante que as 15 mil fatias estão todas comestíveis, estando o segredo da sua conservação "no uso do fermento tradicional".

Tal foi comprovado à Agência Lusa por algumas das milhares de pessoas que se deslocaram à Avenida da Europa e compraram um saco com uma fatia e uma garrafa de vinho do Dão, cuja receita reverterá a favor de três instituições de solidariedade da cidade de Viseu: a Caritas, a Cruz Vermelha Portuguesa e a associação Balsa Nova.

Assim que os responsáveis do Guiness confirmaram as medidas e o estado do pão, este começou logo a ser cortado, embalado e vendido, custando cada conjunto cinco euros.

"O bocado de pão com chouriço não é muito grande, não enche a barriga, mas enche o coração", disse à Lusa Maria Inês Martins, que vive próximo da Avenida da Europa, e para quem os últimos dias foram de festa.

"Tenho vindo aqui todos os dias. Vi o pão crescer", disse, orgulhosa, com uma fatia de pão com chouriço na mão que, garantiu, estava "muito saboroso".

Já Ana Coelho deslocou-se com a família de S. João de Lourosa à cidade "por curiosidade, para provar o pão e para ajudar as instituições".

"Pão com chouriço qualquer pessoa faz em casa, mas estamos aqui para ajudar. Se todos contribuírem com um bocadinho, podemos ajudar muitas pessoas", frisou.

Mário Aguiar, da Cruz Vermelha Portuguesa, disse aos jornalistas que, apesar de ser ainda início da tarde, "as vendas estão a correr muito bem".

Caso os cerca de dez mil conjuntos de fatia de pão com vinho do Dão sejam vendidos, as três instituições da cidade poderão receber 50 mil euros. Outras fatias estão também a ser vendidas a três euros, com a oferta de um copo de cerveja.

Sem dormir desde quarta-feira e com muitos cafés no estômago, José Carlos não perde o entusiasmo, aproveitando a presença dos jornalistas para anunciar o próximo desafio em que se vai lançar:

juntar em Viseu o maior número de panificadores do Mundo.

"Há 48 mil padarias de pão quente a nível nacional. Se vierem a Viseu 20 por cento dos seus trabalhadores, enchem a avenida", sublinhou, acrescentando que o novo feito deverá acontecer no próximo ano.

A mesma equipa tinha já participado, em Novembro de 2003, na confecção da maior broa do Mundo, com 402 metros de comprimento e 4.190 quilos.

Além da broa, em Janeiro de 2003 o português António Gomes Santos bateu o recorde mundial da imobilidade voluntária, ficando durante 20 horas e 11 minutos como uma estátua.