Vítimas identificadas. Acidente no Elevador da Glória investigado desde o primeiro minuto

Em conferência de imprensa conjunta, o diretor nacional da Polícia Judiciária confirmou que a maioria das vítimas do acidente no Elevador da Glória já foi identificada, "através de métodos científicos". Segundo Luís Neves, o relatório preliminar da investigação deve ser conhecido dentro de 45 dias. Já da parte do SNS, houve a confirmação da entrada nos hospitais de 23 vítimas deste "trágico acidente", das quais 13 feridos ligeiros e 10 feridos graves.

Inês Moreira Santos, Rachel Mestre Mesquita - RTP /
Manuel de Almeida - Lusa

A Polícia Judiciária, “logo que teve conhecimento dos facto, (…) interveio com toda a secção de Homicídios da Diretoria de Lisboa, com o Laboratório de Polícia Científica (…) em estreita articulação com o Instituto Nacional de Medicina Legal”.

“Durante a noite e já hoje foi reforçada esta estrutura”, assinalou, acrescentando que foi criada uma linha para facilitar também a identificação das vítimas.

“Estamos a investigar este incidente, estes factos, diretamente com o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários”, disse, frisando que, às vezes, “nestas situações, há morosidade” nos processos.
Luís Neves avançou ainda que “estão plenamente identificados, através de métodos científicos, dois cidadãos sul-coreanos (…), uma vítima suíça” e, com base na informação já recolhida, há probabilidade de haver “um cidadão alemão identificado, dois canadianos, um ucraniano e um cidadão americano”.

“Faltam três. Estamos a diligenciar para que, no mais curto espaço de tempo, (…) possamos identificar esta três pessoas”.

O diretor executivo do SNS confirmou esta quinta-feira que chegaram ao Serviço Nacional de Saúde 23 vítimas fruto do “trágico acidente”, das quais 13 feridos ligeiros e 10 feridos graves, tendo um destes acabado for falecer.

Acrescentou ainda que se encontram atualmente seis feridos em cuidados intensivos. Álvaro Santos Oliveira garantiu que o SNS respondeu “como era suposto” num “momento difícil” graças à "grande disponibilidade dos profissionais de saúde".

Na mesma conferência de imprensa, o diretor executivo avançou que “um dos feridos graves” acabou por falecer e, quanto aos restantes, especificou que três são de nacionalidade portuguesa, um de nacionalidade alemã, um de nacionalidade sul-coreana, uma cidadã suíça, uma cabo-verdiana e uma marroquina.
A Medicina Forense acionou logo na quarta-feira, segundo Francisco Corte-Real Gonçalves, a equipa de Desastres de Massa, que foi reforçada por vários elementos de todo o país. O que permitiu que começassem a ser realizadas as autópsias durante toda a noite.

“Não é habitual haver esta rapidez na resposta”, frisou o presidente do Instituto Nacional de Medicina Legal, acrescentando que o objetivo foi “minorar o sofrimento das famílias e ajudar na rápida identificação dos corpos”.

“No total, tivemos 37 elementos do instituto. Isto foi um trabalho contínuo”, disse, explicando que foram aplicados protocolos internacionais, através de “métodos de identificação científicos”, que incluem impressões digitais, perfil genético ou forma dentária.


Contudo, “há situações que implicam o contacto com familiares”, por isso, “esta fase demora sempre mais tempo”. Francisco Corte Real adiantou ainda que os "corpos identificados serão libertados" e que "os resultados das autópsias serão disponibilizados ao Ministério Público".

A Medicina Legal continua empenhada e continuará o trabalho durante a próxima noite.

O diretor do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), Nélson Rodrigues de Oliveira, esclareceu que a investigação conduzida paralelamente por esta entidade tem como “único e exclusivo objetivo identificar as causas relevantes com vista à melhoria da segurança” deste meio de transporte e “nunca a procura ou atribuição de responsabilidades, que é da competência do Ministério Público”.

Na sua intervenção, o diretor-geral do GPIAFF fez questão de salientar que o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes tudo fará para evitar que se reproduzam acidentes similares e que o “sacrifício das vítimas tenha sido em vão”.
“Tudo faremos para que deste trágico acidente sejam retirados todos os ensinamentos de segurança necessários para evitar outros acidentes similares”, destacou Nélson Oliveira.

O GPIAAF prevê publicar uma nota informativa na sexta-feira ao final da tarde. Será também publicado um relatório preliminar no prazo de 45 dias, onde divulgará as conclusões dos trabalhos realizados e disponíveis à data.

Questionado pela RTP sobre os meios disponíveis na investigação conduzida pelo GPIAAF, o diretor-geral esclareceu que o gabinete tem “um único investigador da área ferroviária” e que a investigação será coordenada pelo próprio diretor-geral do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes.

Não obstante, “recorreremos a peritagens externas, a peritos externos, a Universidades, Institutos e Laboratórios”, adiantou o diretor-geral da GPIAAF, acrescentando que já receberam “diversas manifestações de disponibilidade para cooperar”.

Sobre o tempo necessário para a conclusão da investigação, Nélson Rodrigues afirmou que "o relatório final dependerá dos meios que o GPIAFF venha a ser dotado".
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