Zara "impõe" redução de salários em lojas do Porto

Várias lojas da Zara do Porto estarão a forçar os trabalhadores a solicitarem uma redução da carga horária de trabalho e correspondente diminuição nos salários. A acusação partiu do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP). De acordo com o sindicato, são três as lojas do Porto onde está a ser posto em prática este modelo de gestão.

RTP /
Sindicato acusa a Zara de estar a "aproveitar-se da crise que atravessa o país para reduzir os custos com pessoal" www.zara.com

O CESP acusa a Zara, principal marca do grupo espanhol Inditex, sedeado na Corunha, de “intimidar” os trabalhadores destas três lojas a pedirem a redução de horário, “expediente” que permitirá à marca espanhola fazer um corte automático nos salários.

Refere o sindicato que as três lojas do Porto onde a Zara está a implementar estas práticas de gestão são aquelas que estão em Santa Catarina, no Gaia Shopping e no Dolce Vita.

"Num clima de intimidação e com ameaças de despedimento" foi proposto àqueles trabalhadores "que solicitassem à empresa, por escrito, a redução dos horários de 40 horas para 35 horas e dos 'part time de' 25 horas para 20 horas, com a correspondente redução de salários”, denuncia o sindicato.
Crise serve para diminuir despesa com pessoal
O CESP não tem dúvidas em apontar o dedo à Zara, acusando a marca de estar a "aproveitar-se da crise que atravessa o país para reduzir os custos com pessoal". E nesta acusação vai mais longe: "[A Zara está] a preparar a estratégia de, quando sair a nova legislação, poder despedir mais barato os trabalhadores mais antigos e, assim, mandar para o desemprego mais umas largas dezenas de trabalhadores".O sindicato não percebe as intenções da Zara, uma vez que – garante - a marca "tem apresentado lucros altíssimos nos vários exercícios ao longo dos anos e, ainda recentemente, adquiriu a Massimo Dutti por mais de 100 milhões de euros"

Está a "aproveitar-se da crise que atravessa o país para reduzir os custos com pessoal", acusa o CESP


E estas são matéria à qual o sindicato garante uma atenta vigilância, pelo que, "dado que na maioria os trabalhadores foram coagidos para assinarem a carta a solicitar a redução dos seus horários e salários, com a qual não estão de acordo", vai para já exigir a intervenção do ministro da Economia e da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT).

Não é a primeira vez que o nome da Zara se vê envolvido em polémicas relativamente aos trabalhadores diretos ou indiretos do grupo. Há menos de um ano, em agosto de 2011, notícias chegavam do outro lado do Atlântico dando conta de trabalho escravo numa empresa subcontratada para a fabricação das coleções do grupo espanhol Inditex.

Foi em São Paulo, no Brasil, onde equipas de fiscalização do governo federal descobriram trabalhadores estrangeiros submetidos a condições de escravatura em habitações que produziam peças de roupa da Zara. O grupo espanhol justificar-se-ia com o facto de não ter conhecimento das condições em que laboravam aquelas pequenas unidades, mas não se livraria desde logo à sua associação ao trabalho com mão-de-obra barata e sem garantias laborais.
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