Zero acusa IMT de cancelar matrículas sem certificado obrigatório

por RTP

Os cálculos da associação ambientalista Zero indicam que, das 150 mil matrículas canceladas em 2016, há 50 mil veículos cujo destino são “altamente suspeitos”. O responsável Rui Berkemeier denuncia que há 11 mil matrículas que foram canceladas sem que tivesse sido apresentado o certificado de destruição, como a legislação obriga.

“O IMT está a cancelar matrículas ilegalmente”, denuncia a associação ambientalista, que garante já ter dado conhecimento desta situação às autoridades. “O IMT, a própria entidade oficial, está a cometer uma infração que consideramos que é grave”, insiste.

Entrevistado no Bom Dia Portugal, Rui Berkemeier afirma que há receio que estes veículos acabem por não ir parar aos operadores que estão licenciados para o seu tratamento. “É um operador que tem autorização, tem o terreno impermeabilizado, evita contaminação das águas com óleos das viaturas e ácido das baterias”, explica.

A Zero nota que, para além de se estarem perante casos de concorrência desleal para com as empresas licenciadas, está em causa o ambiente.

“O sucateiro ilegal não tem custos com o tratamento do veículo, com os contaminantes. Não pagam licenciamentos, estão muitas vezes em terrenos sem qualquer autorização. Estão a poluir o ambiente e a causar uma pegada ecológica e, se calhar, uns anos mais tarde, vamos ter de pagar para descontaminar estes solos”, nota.

Para além dos veículos cancelados sem que fosse apresentado o respetivo certificado de destruição, a Zero afirma que há 16 mil matrículas canceladas porque “quem comprou o carro não substituiu o título de propriedade”.

“É preciso alertar os cidadãos. Quando vendem um carro têm de saber muito bem a quem vão vender e têm de ter a certeza que a pessoa vai fazer aquela transição do título de propriedade”, afirma o ambientalista.
pub