Política
"2023 foi tempestade perfeita". Marcelo faz balanço na ginjinha do Barreiro e critica atraso na eleição de conselheiros
Na tradicional deslocação à ginjinha do Barreiro, em véspera de Natal, o presidente da República recordou o ano de 2023 como “uma tempestade perfeita” que combinou o pedido de demissão de António Costa e um “ambiente muito pesado” sobre Belém. Deixou também críticas ao Parlamento por causa da demora na eleição de conselheiros do Estado.
O presidente da República cumpriu esta quarta-feira a tradição e deslocou-se ao Barreiro para um brinde com a chamada Ginja de Natal. Ocasião para fazer um balanço dos seus anos em Belém, em particular de 2023, quando eclodiu a crise política precipitada pela demissão de António Costa como primeiro-ministro de um Governo de maioria absoluta.
“Acho que os piores anos foram os de pandemia. Os dois anos de pandemia, o declarar por duas vezes, o estado de emergência e renovar por duas vezes. Foi o problema mais difícil para decidir politicamente”, começou por recordar Marcelo Rebelo de Sousa.“Era um problema de consciência que as pessoas aceitaram muito bem no começo, mas depois começaram a ficar muito cansadas”, prosseguiu o chefe de Estado.
Questionado, adiante, sobre a crise política de 2023, Marcelo descreveria este ano como “uma tempestade perfeita”. “Aconteceu que no dia 7 de novembro o primeiro-ministro pediu a demissão. Abre-se um período que vai ser muito longo até às eleições. Há uma crise política e ao mesmo tempo existe um ataque muito forte - não sei se é ataque -, um ambiente muito pesado sobre o presidente da República”, apontou o presidente, recordando também o caso das gémeas luso-brasileiras tratadas no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
O presidente da República, lembrou Marcelo, encontrou-se então “numa situação difícil, depois de uma dupla que funcionou durante oito anos”: “Presidente e primeiro-ministro, meu antigo aluno, e o primeiro-ministro a tomar a decisão irreversível de se ir embora do partido e do Governo, criando uma situação muito difícil”.
“De repente, haver uma escolha que é muito difícil. Todos os demais partidos a dizerem que querem a dissolução, o Partido Socialista a dizer que não quer, o secretário-geral a sair, a haver uma eleição de um novo secretário-geral. Foram meses muito complicados”, acentuou Marcelo Rebelo de Sousa.“Em 2023, cheguei aqui e só se falava das gémeas. Foi uma conferência de imprensa sobre as gémeas. Nesses mesmo dia, saía a entrevista de um antigo ministro do Governo e chegava o meu filho a Lisboa”, evocou o presidente da República.
Questionado sobre se já resolveu o diferendo com o filho, espoletado pelo caso das gémeas, Marcelo atalhou: “No momento oportuno, isso acontecerá”.
Marcelo observaria ainda que geriu “três dissoluções – a segunda foi uma iniciativa do primeiro-ministro, que quis ir a eleições e apresentou uma moção de confiança – e o facto é que a oposição não se absteve e também quis ir para eleições”.
“Na primeira, de facto, não havia acordo e na segunda também não. Mas apesar de três dissoluções Portugal foi dos poucos países da Europa que teve só dois primeiros- ministros durante dez anos”.
“Os portugueses tiveram bom-senso, ao votar, de encontrar soluções que significam isto: um primeiro-ministro que durou oito anos e tal e um primeiro-ministro que vai a caminho de dois anos para fazer uma legislatura. Isto é muito raro na Europa”, assinalou.
Reunião do Conselho de Estado
Quanto à próxima reunião do Conselho de Estado, agendada para 9 de janeiro, Marcelo Rebelo de Sousa explicou que a Ucrânia, o tema escolhido, “é fundamental para a nossa vida”.
“O Conselho de Estado está à espera de poder funcionar, à espera da eleição pela Assembleia da República há seis meses. Não me parece sensato que, quando estão a ser tomadas decisões fundamentais sobre a Ucrânia - eu discuto-a em Conselho de Segurança Nacional -, estas não sejam discutidas em Conselho de Estado”, avaliou.
Em causa, fez notar Marcelo, está “um empenhamento militar, ou não, português numa hipótese de cessar-fogo no futuro”: “Não é muito natural que um presidente da República saia de funções sem que o Conselho de Estado possa apreciar essa matéria”.
“Acho que os piores anos foram os de pandemia. Os dois anos de pandemia, o declarar por duas vezes, o estado de emergência e renovar por duas vezes. Foi o problema mais difícil para decidir politicamente”, começou por recordar Marcelo Rebelo de Sousa.“Era um problema de consciência que as pessoas aceitaram muito bem no começo, mas depois começaram a ficar muito cansadas”, prosseguiu o chefe de Estado.
Questionado, adiante, sobre a crise política de 2023, Marcelo descreveria este ano como “uma tempestade perfeita”. “Aconteceu que no dia 7 de novembro o primeiro-ministro pediu a demissão. Abre-se um período que vai ser muito longo até às eleições. Há uma crise política e ao mesmo tempo existe um ataque muito forte - não sei se é ataque -, um ambiente muito pesado sobre o presidente da República”, apontou o presidente, recordando também o caso das gémeas luso-brasileiras tratadas no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
O presidente da República, lembrou Marcelo, encontrou-se então “numa situação difícil, depois de uma dupla que funcionou durante oito anos”: “Presidente e primeiro-ministro, meu antigo aluno, e o primeiro-ministro a tomar a decisão irreversível de se ir embora do partido e do Governo, criando uma situação muito difícil”.
“De repente, haver uma escolha que é muito difícil. Todos os demais partidos a dizerem que querem a dissolução, o Partido Socialista a dizer que não quer, o secretário-geral a sair, a haver uma eleição de um novo secretário-geral. Foram meses muito complicados”, acentuou Marcelo Rebelo de Sousa.“Em 2023, cheguei aqui e só se falava das gémeas. Foi uma conferência de imprensa sobre as gémeas. Nesses mesmo dia, saía a entrevista de um antigo ministro do Governo e chegava o meu filho a Lisboa”, evocou o presidente da República.
Questionado sobre se já resolveu o diferendo com o filho, espoletado pelo caso das gémeas, Marcelo atalhou: “No momento oportuno, isso acontecerá”.
Marcelo observaria ainda que geriu “três dissoluções – a segunda foi uma iniciativa do primeiro-ministro, que quis ir a eleições e apresentou uma moção de confiança – e o facto é que a oposição não se absteve e também quis ir para eleições”.
“Na primeira, de facto, não havia acordo e na segunda também não. Mas apesar de três dissoluções Portugal foi dos poucos países da Europa que teve só dois primeiros- ministros durante dez anos”.
“Os portugueses tiveram bom-senso, ao votar, de encontrar soluções que significam isto: um primeiro-ministro que durou oito anos e tal e um primeiro-ministro que vai a caminho de dois anos para fazer uma legislatura. Isto é muito raro na Europa”, assinalou.
Reunião do Conselho de Estado
Quanto à próxima reunião do Conselho de Estado, agendada para 9 de janeiro, Marcelo Rebelo de Sousa explicou que a Ucrânia, o tema escolhido, “é fundamental para a nossa vida”.
“O Conselho de Estado está à espera de poder funcionar, à espera da eleição pela Assembleia da República há seis meses. Não me parece sensato que, quando estão a ser tomadas decisões fundamentais sobre a Ucrânia - eu discuto-a em Conselho de Segurança Nacional -, estas não sejam discutidas em Conselho de Estado”, avaliou.
Em causa, fez notar Marcelo, está “um empenhamento militar, ou não, português numa hipótese de cessar-fogo no futuro”: “Não é muito natural que um presidente da República saia de funções sem que o Conselho de Estado possa apreciar essa matéria”.