"É um grande nome, um pai da democracia, que teve um papel destacadíssimo como deputado do PSD", afirmou Manuel Alegre, em declarações aos jornalistas no Parlamento, depois de um breve encontro com o líder parlamentar socialista, Alberto Martins.

Caracterizando Jorge Miranda como "uma figura da maior respeitabilidade e que reúne todas as condições" para desempenhar o cargo de Provedor de Justiça, o deputado socialista disse não compreender a "dificuldade" do processo de escolha do sucessor de Nascimento Rodrigues, cujo mandato terminou em Julho de 2008.

"Jorge Miranda devia merecer o respeito de todos os democratas", salientou, considerando "uma pena" para a democracia "que se tenha chegado aqui".

Questionado se tem conhecimento sobre a decisão do PS de manter ou não o nome de Jorge Miranda, Manuel Alegre disse nada saber, mas reafirmou esperar que o nome "incontroverso e com a categoria" do constitucionalista seja aprovado.

Interrogado se concorda com as palavras do secretário-geral socialista, José Sócrates, que acusou o PSD de estar a fazer uma "birra", o deputado socialista considerou que deveria haver "abertura de espírito" por parte dos sociais-democratas.

"Uma atitude mais calma, de bom-senso e abertura de espírito", acrescentou.

Entretanto, hoje à tarde o constitucionalista Jorge Miranda confirmou que deu "o consentimento" para que o seu nome fosse tornado público como a proposta do PS ao cargo de Provedor de Justiça.

"Com certeza que dei o meu consentimento. Seria um abuso se alguém falasse no meu nome sem me ter perguntado", disse o professor de Direito à margem do Congresso da Associação Sindical de Funcionários de Investigação Criminal da Polícia Judiciária.

Sexta-feira, no Porto, Alberto Martins revelou que Jorge Miranda foi o nome proposto pelos socialistas ao PSD para o cargo de Provedor.

Já hoje, à saída da reunião do grupo parlamentar socialista, Alberto Martins adiantou que o PS está "à procura de uma personalidade" para o cargo de Provedor de Justiça, em conversações "multilaterais", falhado o "diálogo bilateral" com o PSD.

"Estamos a consultar os outros partidos, mas queremos dialogar com todos. O PSD é um partido, como sabem, com o qual é muito difícil dialogar", disse Alberto Martins, que nos últimos dois dias têm mantido contactos com os restantes partidos.

"Neste momento estamos à procura deu uma personalidade que tenha um perfil de grande dimensão pública, de notoriedade pública, de reconhecimento pelos cidadãos, de defesa dos direitos fundamentais e de apego à democracia", acrescentou Alberto Martins.