Autarca de Viseu investigado por suspeita de facilitar negócio de empresário em troca de milhares de euros

por RTP
O alegado esquema começou em 2010, ano em que Almeida Henriques começou a receber uma avença mensal de 1200 euros Foto: Lusa

Almeida Henriques, presidente da Câmara de Viseu e antigo secretário de Estado Adjunto da Economia e Desenvolvimento Regional, está a ser investigado por suspeita de ter recebido mais de 120 mil euros de um empresário para lhe facilitar o negócio, avança esta quarta-feira o Jornal de Notícias.

A Polícia Judiciária do Porto e o Ministério Público suspeitam que Almeida Henriques tenha facilitado o negócio de José Simões Agostinho, detentor da empresa de tecnologia e mobilidade TOMI e acusado no processo do Turismo do Porto e Norte de Portugal.

O ex-secretário de Estado Adjunto, que pertenceu ao Governo PSD/CDS, terá recebido 123 mil euros em nome da empresa QI Consultadoria, que pertence à sua mulher, faturados a José Agostinho.

Segundo o JN, o alegado esquema começou em 2010, ano em que Almeida Henriques começou a receber uma avença mensal de 1200 euros através da empresa que geria e que, passado um ano, passou para a sua mulher.

A PJ acredita que esta empresa foi criada exclusivamente com o objetivo de formalizar os pagamentos vindos de Agostinho Simões e que o atual presidente de Câmara continuou a controlar os negócios, mesmo depois de passar para a mulher a gestão da empresa.

As autoridades suspeitam que, em troca dos pagamentos, Almeida Henriques tenha pedido a autarcas como Manuel Machado, presidente da Câmara de Coimbra, ou Rui Moreira, do Porto, que recebessem José Agostinho para discutirem potenciais negócios.

Rui Moreira confirmou que Henriques lhe telefonou para fazer esse pedido e que chegou a receber Agostinho, mas nunca fez negócio com o mesmo.
Apoios de 2,8 milhões de euros
Para além dos encontros com autarcas, o empresário terá também pedido a Henriques para falar com a Comissão Vitivinícola Regional do Dão para discutir uma proposta que lhe tinha apresentado.

Nas comunicações trocadas entre Henriques e Agostinho e agora reunidas pelos investigadores, o autarca terá pedido dinheiro ao empresário. Em outubro do ano passado, porém, negou ter uma relação próxima com o mesmo.

Ainda em 2010, Almeida Henriques terá aproveitado as funções de deputado e membro da Comissão de Assuntos Económicos, Inovação e Energia para fornecer informações privilegiadas ao empresário, que estava na altura a criar a TOMI.

Em 2011, o autarca assumiu o cargo de secretário de Estado Adjunto da Economia e Desenvolvimento Regional e passou a estar diretamente aos fundos europeus do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN), que mais tarde atribuiu ao empresário apoios de 2,8 milhões de euros, segundo o JN.

Em 2015, Almeida Henriques terá pedido ao presidente da Agência para a Modernização Administrativa, Pedro Silva Dias, para contratar os serviços de José Agostinho.
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