Autárquicas. PS diz que "ganhou e bem" as eleições, PSD e CDS-PP acusam Costa de "promiscuidade"

por Lusa

O secretário-geral adjunto do PS defendeu hoje que o seu partido ganhou por larga margem as eleições autárquicas de domingo, enquanto PSD e CDS acusaram o primeiro-ministro de ter promovido a "promiscuidade" com o Governo na campanha.

Esta troca de posições entre José Luís Carneiro, de um lado, e Fernando Ruas (PSD) e Pedro Morais Soares (CDS-PP) do outro lado, teve lugar no período de declarações políticas no plenário da Assembleia da República.

"Não temos o hábito de transformar derrotas em vitórias, mas também não aceitamos que tentem transformar a nossa vitória numa derrota. O PS ganhou e ganhou bem", declarou o "número dois" da direção dos socialistas no seu discurso inicial sobre as eleições autárquicas de domingo.

José Luís Carneiro procurou negar a tese de que esteja em curso uma mudança de ciclo político em Portugal, dizendo que, "por muito que custe à oposição, o PS é, pela terceira vez consecutiva, o vencedor das eleições autárquicas".

"Ganhou o maior número de câmaras e o maior número de assembleias municipais. Ganhou o maior número de Freguesias. Obteve o maior número de mandatos. E obteve o maior número de votos", advogou.

De acordo com as contas apresentadas por José Luís Carneiro, em relação aos sociais-democratas, "não contabilizando as câmaras ganhas com as coligações e o apoio a movimentos independentes, o PS ganhou sozinho a presidência de 148 câmaras contra 72 ganhas pelo PSD".

"Ou seja, o PS, sozinho, ganhou mais do dobro das câmaras. Nesta ótica de leitura dos resultados, se olharmos para o número de votos, a diferença é ainda mais expressiva: O PS sozinho teve mais de 1 milhão e 700 mil votos (34,23%). O segundo partido mais votado, nas autarquias em que concorreu sem coligações, teve apenas 660 mil votos (13,21%)", apontou.

Para o secretário-geral adjunto dos socialistas, "significa que o PS, sozinho, e nesta perspetiva, teve duas vezes e meia o número de votos do PSD".

"Mesmo consideradas as coligações e o apoio a candidaturas independentes, o PS ganhou 152 Câmaras e o PSD, com 42 coligações, ganhou 114. E faço notar: o PS foi o único partido que concorreu em todos os municípios do país", acrescentou.

Estes dados de José Luís Carneiro foram rejeitados pelo deputado social-democrata e futuro presidente da Câmara de Viseu, Fernando Ruas, dizendo que o somatório da conta apresentada pelo dirigente socialista "dá mais de 308 câmaras".

"Fiquei agora a saber que Portugal tem mais de 308 câmaras", comentou em tom divertido.

Depois, Fernando Ruas atacou o primeiro-ministro e secretário-geral do PS, António Costa, afirmando que em sete campanhas autárquicas em que participou como autarca do PSD não se lembra "de tanta promiscuidade".

"Espero depois que essas promessas do primeiro-ministro se traduzam em responsabilidade. Ouvi promessas que agora há que cumprir", declarou o presidente eleito da Câmara de Viseu, desafiando ainda José Luís Carneiro para que se junte àqueles que vão fazer "coro" para exigir que António Costa cumpra essas promessas que fez em campanha eleitoral.

O deputado do CDS-PP partilhou a acusação de "promiscuidade" ao primeiro-ministro e ao Governo e apontou que o secretário-geral adjunto do PS ignorou derrotas do seu partido em Lisboa e em capitais de distrito como Coimbra, Funchal e Portalegre.

Na resposta, José Luís Carneiro rejeitou as acusações de "promiscuidade", citou a Comissão Nacional de Eleições "a enterrar" esse assunto levantado por PSD e CDS e até trouxe à memória uma queixa de que foi alvo em 1993 o então primeiro-ministro Cavaco Silva.

"Perante essa queixa, em 1993, a Procuradoria-Geral da República não deu qualquer provimento, advertindo que uma interpretação contrária conduziria a que nenhum titular pudesse argumentar sobre princípios de ação ou de doutrina política", referiu o secretário-geral adjunto do PS.

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