BE acusa Oliveira de querer agenda política e de fazer caricatura do partido

Lisboa, 05 mar (Lusa) -- O Bloco de Esquerda acusou hoje Daniel Oliveira de querer marcar a agenda política com a sua saída do partido e de construir uma caricatura do BE que não corresponde à realidade.

Lusa /

"O problema não é haver diferenças de opinião, isso é natural. O problema é que, num determinado momento como é aquele que estamos a viver, muito complexo (...), o Daniel Oliveira pretenda marcar a agenda política com a sua posição pessoal de saída do Bloco de Esquerda. Essa é que é uma posição que nos parece profundamente bloqueante na qual não nos revemos", sublinhou.

Daniel Oliveira decidiu abandonar o Bloco de Esquerda (BE) por considerar que o partido é hoje "um fator de bloqueio, alimentando-se e alimentando o sectarismo", segundo a carta que enviou ao partido e que foi publicada no site do jornal Expresso.

Em declarações à agência Lusa, Pedro Soares, coordenador autárquico do Bloco, considerou que a carta está "completamente desajustada da realidade concreta" do que é o funcionamento e posicionamento político atual do partido.

"Ela [a carta], não se refere ao Bloco de Esquerda, mas sim a uma caricatura sobre o Bloco que a imaginação do Daniel Oliveira elaborou. Na generalidade do texto, ele está completamente desajustado da realidade", afirmou, num comentário em nome do partido.

Daniel Oliveira ataca a "cultura sectária" do Bloco, considerando que internamente enfraquece o partido e que, externamente, o tem "impedido de ser (...) um fator de convergência e reconfiguração da esquerda portuguesa".

"O funcionamento do Bloco é absolutamente democrático. Sectário é quem não convive bem com as diferenças de opinião, com o diálogo, com o confronto que necessariamente tem de existir dentro de uma organização plural", afirmou Pedro Soares.

O coordenador autárquico recorda que o BE foi "criado como um espaço de convergência de sensibilidades e de correntes diversas" e que trouxe à esquerda portuguesa uma "nova realidade" e protagonismo.

Na carta, Daniel Oliveira acusa também o ex-líder Francisco Louçã de não desistir de continuar a coordenar o partido e lança críticas às opções e estratégia do Bloco para as eleições autárquicas.

A agência Lusa tentou o contacto com Francisco Louçã, mas não foi possível até ao momento.

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