BE quer ser em 2019 eixo de governação à esquerda que "fará o que o PS não fez"

por Lusa
Um cartaz do Bloco de Esquerda em 2015 Reuters

Lisboa, 05 abr (Lusa) - O BE quer ser, após as legislativas de 2019, o eixo de uma proposta de governação à esquerda que "fará o que o PS não fez" nesta legislatura, segundo a moção levada à próxima Convenção pelas principais tendências bloquistas.

A moção à qual a agência Lusa teve hoje acesso é encabeçada pela coordenadora bloquista, Catarina Martins, e é ainda subscrita pelo líder parlamentar, Pedro Filipe Soares, e pela eurodeputada, Marisa Matias, reunindo assim as principais tendências do BE.

"Em 2019, perante uma nova relação de forças, o Bloco será o eixo de uma proposta de governação à esquerda. Essa proposta fará o que o PS não fez, partindo do ponto onde o PS trava: em primeiro lugar, a abertura de um processo de alteração dos tratados europeus para uma redefinição da política do euro e da dívida", detalha a moção.

Em segundo lugar, de acordo com os bloquistas, estão "novos patamares de recuperação do país, na saúde e escola públicas, na dignidade do trabalho, no combate ao rentismo e na recuperação da propriedade de bens estratégicos na economia e no ambiente".

O BE apresenta-se ao ciclo eleitoral de 2019, de acordo com a moção, "em torno do seu próprio programa de Governo e para disputar a representação da maioria", juntando assim "forças em torno de um programa socialista, feminista e ecologista e das respostas sociais e económicas urgentes".

"O PCP é uma componente importante da esquerda política. O Bloco regista um elevado grau de coincidência de posições com o PCP, nomeadamente no âmbito económico e social, ao nível parlamentar e também no terreno social. Desde logo partilhamos a responsabilidade pela atual solução política governativa. Alguns comentários negativos face ao Bloco resultam de conclusões de cariz eleitoral", refere ainda.

Sobre a negociação que será feita este ano para o Orçamento do Estado para 2019, os bloquistas garantem o "cumprimento dos acordos de 2015" e criação de "condições para novos e mais exigentes patamares de reconstrução da economia e de direitos", dando o exemplo da legislação laboral, investimento, saúde, educação, combate ao rentismo e ao trabalho temporário.

Na moção encabeçada por Catarina Martins Marcelo Rebelo de Sousa não é esquecido: "o Presidente da República recorre a formas de presença e comunicação que lhe conferem uma popularidade elevada, em altura de melhorias sociais".

Para estes bloquistas, a intervenção permanente do chefe de Estado "dirige-se a limitar o PS nas relações com os partidos à sua esquerda, o que tem merecido fortes elogios das confederações patronais".

"Não esquecer que Marcelo está contra a atual política orçamental que considera `eleitoralista` devido ao desagravamento dos cortes em salários e pensões. Ao mesmo tempo, Marcelo Rebelo de Sousa procura expandir a sua base eleitoral procurando representar um campo maioritário pró-NATO e de submissão às regras do euro", criticam.

De acordo com a decisão da Mesa Nacional do BE de 04 de fevereiro, a XI Convenção Nacional do partido realiza-se "no último trimestre deste ano".

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