Candidatura de Rangel apela à união para vencer legislativas de 2023

por RTP

O eurodeputado Paulo Rangel anunciou hoje que se candidata à liderança do PSD por ter a convicção de que pode "unir o PSD, promover o seu crescimento e vencer as legislativas de 2023".

"Anuncio formalmente a todos os militantes que serei candidato à presidência do PSD nas eleições de 04 de dezembro próximo. Apresento a minha candidatura, com humildade e espírito de missão, mas com a convicção inabalável de que, com ela, sirvo o nosso país, os nossos compatriotas e o nosso partido", afirmou, na apresentação pública à imprensa, que decorreu num hotel Lisboa.

O antigo líder parlamentar defendeu que só se candidata por considerar ter "todas as condições para unir o PSD, para promover o seu crescimento realizando a sua tradicional vocação maioritária e para vencer as eleições legislativas de 2023, com uma solução de governo estável".

Rangel elegeu a mobilidade social como "o grande desígnio" do partido, acusando o "PS socratista e costista" de terem agravado as desigualdades nos últimos 20 anos.

"É preciso romper com este ciclo infernal da estratificação ou do imobilismo social. Não restem dúvidas para ninguém: o grande desígnio do PSD e de um projeto galvanizador e vencedor para o país só pode ser e será sempre para mim: a mobilidade social. Temos de criar as condições para que todos os portugueses possam subir na vida", defendeu.

No seu diagnóstico, o antigo líder parlamentar descreveu a sociedade portuguesa como "pobre e profundamente desigual".

"Nos anos 90, dizia-se que Portugal não podia parar, depois de 2000 Portugal parou", lamentou.

O antigo eurodeputado considerou que as duas últimas décadas foram perdidas, e que "os portugueses vivem em 2021 como viviam em 2000 ou 2001 ou até pior" e Portugal foi ultrapassado por vários países europeus.

"Este tempo desperdiçado que nos estagnou, empobreceu, anestesiou e paralisou teve as suas origens e a sua marca forte no descalabro do PS socratista, mas exponenciou-se nestes seis anos na agenda ideológica, fundamentalista e radical do PS costista, agora refém dos extremos da esquerda", acusou.

Rangel afirmou também que, se for eleito para a lidrança do partido, vai desafiar o primeiro-ministro a recandidatar-se nas legislativas de 2023 e bater-se pelo regresso dos debates quinzenais no parlamento.

Na apresentação pública da sua candidatura, apenas reservada à imprensa, Rangel deixou um desafio e uma promessa.

"Nós não temos medo nem receio do PS nem de qualquer líder do PS, por mais história ou sucessos que tenha tido. Digo mais, quando for líder do partido, vou desafiar António Costa a liderar as listas do PS às eleições legislativas de 2023", afirmou, defendendo que o PSD "não pode continuar à espera da exaustão ou da desistência de António Costa, como se ele, o PS e o seu governo fossem imbatíveis".

O antigo líder parlamentar comprometeu-se ainda a, se vencer as diretas de 04 de dezembro, bater-se pelo regresso dos debates quinzenais com o primeiro-ministro no parlamento.

"Como líder parlamentar que fui, sei bem da importância crucial dos chamados debates quinzenais. São eles que dão centralidade política e mediática ao parlamento, são eles que permitem confrontar o primeiro-ministro com as falhas e as políticas erradas", disse, considerando "absolutamente incompreensível que a liderança atual do PSD tenha, em conivência com o PS" os tenha abolido.

Para Rangel, tratou-se "de um erro enorme para a República e a saúde da democracia, para o parlamento e para o PSD".

"Assim que tome posse como líder do PSD, comprometo-me aqui a que a minha primeira medida será propor na Assembleia, o regresso dos debates quinzenais", assegurou.

Rangel assegurou, enfim, que renunciará ao mandato de eurodeputado se for eleito presidente do partido, e que não falou previamente com o Presidente da República sobre a sua candidatura.

Questionado pelos jornalistas, Rangel salientou que "na prática" as deslocações a Bruxelas e a Estrasburgo que fazem parte da vida de um deputado europeu "são incompatíveis com a liderança de um partido".

"Quando for eleito presidente do PSD vou renunciar ao mandato, pode não ser no primeiro dia ou mês a seguir às eleições,", afirmou, justificando a ponderação da data por ser membro da conferência sobre o futuro da Europa até abril, embora admitindo que a "tarefa gigantesca" de liderar um partido pode não ser compatível com esta participação.

Numa longa conferência de imprensa - mais de uma hora entre a apresentação e as respostas aos jornalistas - Paulo Rangel prometeu "ser um líder do PSD a 100% com os dois pés em Lisboa", fazendo questão de repetir esta referência à capital.

Questionado como fará a articulação com o grupo parlamentar - já que não é deputado -, Rangel admitiu tratar-se de um `handicap` mas lembrou outros líderes sociais-democratas que não estavam na Assembleia.

"Terei uma relação estreitíssima com o grupo parlamentar, usarei o meu gabinete no grupo parlamentar intensamente, porque entendo este como o braço armado do partido", afirmou.

Num outro recado implícito ao atual presidente do PSD, Rui Rio, Paulo Rangel frisou ser "um parlamentar".

"Não pertenço àqueles que acham que o parlamento é um órgão que deve ser desvalorizado, pertenço justamente ao contrário", afirmou, escusando-se a adiantar já nomes que gostaria de ver à frente da liderança da bancada, caso seja eleito presidente.

Questionado se informou previamente o Presidente da República e antigo líder do PSD, Marcelo Rebelo de Sousa, de que se iria candidatar à presidência do PSD, Rangel foi claro.

"Nunca falei com o presidente da República sobre esta matéria (...) Aliás, há meses que não falo com o presidente da República, coisa que até não é muito comum", frisou.

(c/ Lusa)
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