Política
Presidenciais 2026
Catarina e Seguro convergem no diagnóstico de "justiça fragilizada" e divergem nos anos de Passos
Durante o debate deste sábado na SIC Notícias, o candidato apoiado pelo PS afirmou que a candidata bloquista quis conduzir o país para a via do grego Syryza. A adversária lembrou, por sua vez, as posições assumidas pelos socialistas durante a governação de Pedro Passos Coelho.
A Justiça, na avaliação de António José Seguro, e o próprio Ministério Público, na perspetiva de Catarina Martins, saem fragilizados dos últimos desenvolvimentos sobre a operação Influencer – a publicação, na revista Sábado, de resumos de escutas a António Costa. Este foi o ponto de maior aproximação entre os dois candidatos à Presidência da República.
Questionada sobre o facto de a Procuradoria-Geral da República ter sugerido que foram as defesas dos arguidos na investigação a passar os resumos à imprensa, Catarina Martins começou por retorquir: “Acho que é muito preocupante a forma como o procurador-geral da República parece não estar ciente da fragilidade do momento que vivemos”.
“Seria errado dizer que o problema é o procurador. Se já precisávamos antes, precisamos cada vez mais de um Ministério Público que seja capaz de explicar ao país o que se passa. Tivemos a informação de que um primeiro-ministro estaria sob investigação e nada sucedeu desde então”, prosseguiu.
O Ministério Público, estimou a antiga coordenadora do Bloco de Esquerda, “fica fragilizado não é por estar em causa um primeiro-ministro. É muito grave porque qualquer cidadão deste país se pergunta se pode ser escutado e esse sentimento de ter medo da justiça é um sentimento que a democracia não pode ter”.
Por seu turno, António José Seguro sublinhou desde logo que “há perguntas que em democracia têm que ter respostas”.“Há dois anos houve um primeiro-ministro que se demitiu na sequência de um comunicado da PGR a dizer que ele estava a ser investigado e passados dois anos nada se sabe”, frisou o antigo secretário-geral socialista.
“O que é certo é que há um país que, em consequência de uma nota, perdeu um governo, perdeu uma maioria e foi para eleições”, acentuou.
“Temos uma justiça fragilizada. Não queria focar no procurador”, corroboraria Seguro.Nomeação e mandato do procurador-geral da República
Quanto à nomeação do procurador-geral da República, António José Seguro saiu em defesa do “atual modelo”: “O presidente da República não pode entrar e querer moderar as leis principais do país”.
“Sobre a recondução, é muito simples: se eu merecer a confiança dos portugueses, uma das primeiras iniciativas que terei é chamar o procurador-geral da República a Belém e falar com ele”, adiantou o candidato a Belém. Debate na íntegra
Já Catarina Martins disse ter compreendido “as razões do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para os seis anos de mandato”. Mas defendeu que Belém deve começar “a ter uma outra ação face ao que está a acontecer”.
“O procurador-geral da República não pode dizer que vai dar uma prenda de Natal ao primeiro-ministro”, rematou.
Passado, um braço-de-ferro
António José Seguro foi, em seguida, confrontado com as críticas de que foi alvo por parte de Catarina Martins, designadamente a de uma “falta de mundividência” de esquerda.
“Vejo isso como um argumento artificial de campanha, porque não cola. Quem fez a acusação foi a Catarina Martins. Eu gostava de ouvir os fundamentos”, reagiu o socialista.
“Acho que a pergunta, se calhar, na verdade, é porque é que não temos um Jorge Sampaio nestas eleições. Jorge Sampaio foi presidente da Câmara de Lisboa com o apoio de toda a esquerda e foi depois presidente da República com o apoio de toda a esquerda”, contrapôs Catarina Martins.
A candidata presidencial apoiada pelo Bloco de Esquerda recordaria, depois, que, “mesmo com a direita tendo maioria absoluta”, o PS de António José Seguro “acordou à direita o Orçamento do Estado, acordou à direita as leis do trabalho”.“Somos duas pessoas que sabem fazer diálogo”, ressalvou Catarina Martins.
“Só me posso rir perante estes argumentos. Eu não acordei nenhum Orçamento com Pedro Passos Coelho. Eu abstive-me no primeiro Orçamento. Optei pelo interesse nacional. Em momentos de grande dificuldade, em que o país estava sob emergência financeira, eu optei pelo interesse nacional”, insistiu Seguro.
“O meu país precisa de um equilíbrio político e eu sou a pessoa de centro-esquerda que está em condições de oferecer esse equilíbrio político. Precisamos de ter um sistema político equilibrado. Precisamos de uma pessoa moderada”, advogaria o candidato.
“Estou a definir campos políticos que nós os dois decidimos ter em cada momento. António José Seguro também decidiu a abstenção num pacote laboral que tinha medidas inconstitucionais”, lembrou Catarina Martins, invocando um mal-estar, nas fileira socialistas de então, com a deputada Isabel Moreira, que tencionava votar contra. Algo que Seguro negou.
O candidato presidencial chamou a si a responsabilidade por ter sido travada uma revisão constitucional, nos anos de Passos Coelho, que imporia “um limite ao défice e à dívida pública”. “Deve-me a mim”, sustentou.
“Nessa altura, qual era o seu modelo económico? Era igual àquele que o Syryza impunha na Grécia”, acusou.
“Em 2015, eu fiz um acordo de governo para afastar a direita. Quando foi preciso escolher entre a Constituição e a austeridade, escolheu a austeridade”, voltou à carga a candidata bloquista.
“Estivemos do mesmo lado no que diz respeito à defesa do povo português, mas por caminhos diferentes”, apontaria ainda António José Seguro. “Se alguém faltou à esquerda foi quando o Bloco votou contra dois orçamentos”.
Envelhecimento do país
Questionada sobre o envelhecimento de Portugal – o segundo país mais envelhecido da União Europeia - e a sustentação do sistema de pensões, o SNS e a proteção social, defendidas pela candidata, Catarina Martins apontou o que diz ser o omento de revolução tecnológica que se está viver e na possibilidade de aumento de produtividade, para apontar uma escolha: “Ao serviço de quem é que essa produtividade vai ficar?”.
“Se aceitarmos a ideia do Governo de fragilizar mais quem trabalha, de cortar mais nos salários e impor mais horas de trabalho, já sabemos que esta produtividade vai ficar nas mãos de uns poucos e Portugal vai ter uma economia de baixos salários e é um erro. Mas se, pelo contrário, tivermos uma estratégia pública de investimento, na tecnologia e na qualificação, Portugal pode produzir muito mais e, se o fizermos, os nossos jovens vão querer ficar em Portugal e podem cá ter família porque reforçámos também os serviços que nos servem a todos”, defendeu a antiga coordenadora do BE.
“Alta capacitação”
António José Seguro apontou a questão da demografia como a causa que, num eventual segundo ano de mandato, assim os portugueses o escolham, será eleito pela sua Presidência.
“Nós temos dois problemas, um que é um envelhecimento das pessoas que vivem cada vez mais anos, isso é bom mas cria uma pressão sobre um grupo de serviços e temos pelo contrário uma pirâmide pouco rejuvenescida, temos cada vez menos jovens, no que se chama o duplo envelhecimento”, explicou Seguro.
Sobre as dificuldades dos jovens no quotidiano de vida em Portugal, Seguro admite que “o futuro para esta geração de jovens é um caminho estreito e muitas vezes um beco”, com a saída a ser apenas a emigração depois de o Estado e as famílias terem investido na sua “alta capacitação”.
“Eu aqui defendo um plano nacional de fusão e aquisição de PME” e “dar dimensão Às nossas empresas para que elas sejam mais produtivas e a nossa economia seja mais competitiva e permita melhores salários e melhor progressão na carreira para os jovens portugueses”, propugnou o socialista.
Portugal na NATO
Catarina Martins falou sobre a hipótese de Portugal sair da Aliança Atlântica, apontando nesse sentido uma leitura do texto da Constituição Portuguesa que, lembra, é aquele que deve ser defendido pelo presidente da República.A candidata sublinha que a Constituição defende a dissolução dos blocos político-militares, o que já aconteceu com o Pacto de Varsóvia.
Catarina Martins apontou, por outro lado, que se fala muito da NATO e pouco da Palestina, lembrando que a cada dia que passa, apesar do cessar-fogo, continuamos a assistir à morte de palestinianos às mãos da máquina de guerra israelita., com um aumento de ataques também na Cisjordânia.
Catarina Martins pede, nesse sentido, uma palavra clara de Portugal em relação a este tema, lembrando que continuamos a importar bens de Israel.
“A nível nacional o Governo decidiu reconhecer o Estado da Palestina, mas a verdade é que Portugal continua a importar bens de Israel e continuamos, portanto, a ser parte de quem está a financiar o genocídio que está a acontecer”, lamentou a candidata.
Seguro defende, pela sua parte, que Portugal deve manter-se fiel à NATO para garantir a sua segurança. Refere o antigo secretário-geral do PS que a NATO é uma aliança defensiva, o que se tornou claro na questão da guerra da Ucrânia, o que o leva, ao contrário do posicionamento de Catarina Martins, a não defender a sua extinção.
Numa referência às sondagens que vão sendo conhecidas, Catarina Martins vaticina que a esquerda precisa “mais de clareza e menos jogos, mais esperança e menos calculismo”. Seguro, pelo seu lado, defendeu a tese de que deve estar na segunda volta e que para isso acontecer, “garantir uma candidatura de esquerda na segunda volta”, deve haver uma convergência de votos na sua candidatura.
Questionada sobre o facto de a Procuradoria-Geral da República ter sugerido que foram as defesas dos arguidos na investigação a passar os resumos à imprensa, Catarina Martins começou por retorquir: “Acho que é muito preocupante a forma como o procurador-geral da República parece não estar ciente da fragilidade do momento que vivemos”.
“Seria errado dizer que o problema é o procurador. Se já precisávamos antes, precisamos cada vez mais de um Ministério Público que seja capaz de explicar ao país o que se passa. Tivemos a informação de que um primeiro-ministro estaria sob investigação e nada sucedeu desde então”, prosseguiu.
O Ministério Público, estimou a antiga coordenadora do Bloco de Esquerda, “fica fragilizado não é por estar em causa um primeiro-ministro. É muito grave porque qualquer cidadão deste país se pergunta se pode ser escutado e esse sentimento de ter medo da justiça é um sentimento que a democracia não pode ter”.
Por seu turno, António José Seguro sublinhou desde logo que “há perguntas que em democracia têm que ter respostas”.“Há dois anos houve um primeiro-ministro que se demitiu na sequência de um comunicado da PGR a dizer que ele estava a ser investigado e passados dois anos nada se sabe”, frisou o antigo secretário-geral socialista.
“O que é certo é que há um país que, em consequência de uma nota, perdeu um governo, perdeu uma maioria e foi para eleições”, acentuou.
“Temos uma justiça fragilizada. Não queria focar no procurador”, corroboraria Seguro.Nomeação e mandato do procurador-geral da República
Quanto à nomeação do procurador-geral da República, António José Seguro saiu em defesa do “atual modelo”: “O presidente da República não pode entrar e querer moderar as leis principais do país”.
“Sobre a recondução, é muito simples: se eu merecer a confiança dos portugueses, uma das primeiras iniciativas que terei é chamar o procurador-geral da República a Belém e falar com ele”, adiantou o candidato a Belém. Debate na íntegra
Já Catarina Martins disse ter compreendido “as razões do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para os seis anos de mandato”. Mas defendeu que Belém deve começar “a ter uma outra ação face ao que está a acontecer”.
“O procurador-geral da República não pode dizer que vai dar uma prenda de Natal ao primeiro-ministro”, rematou.
Passado, um braço-de-ferro
António José Seguro foi, em seguida, confrontado com as críticas de que foi alvo por parte de Catarina Martins, designadamente a de uma “falta de mundividência” de esquerda.
“Vejo isso como um argumento artificial de campanha, porque não cola. Quem fez a acusação foi a Catarina Martins. Eu gostava de ouvir os fundamentos”, reagiu o socialista.
“Acho que a pergunta, se calhar, na verdade, é porque é que não temos um Jorge Sampaio nestas eleições. Jorge Sampaio foi presidente da Câmara de Lisboa com o apoio de toda a esquerda e foi depois presidente da República com o apoio de toda a esquerda”, contrapôs Catarina Martins.
A candidata presidencial apoiada pelo Bloco de Esquerda recordaria, depois, que, “mesmo com a direita tendo maioria absoluta”, o PS de António José Seguro “acordou à direita o Orçamento do Estado, acordou à direita as leis do trabalho”.“Somos duas pessoas que sabem fazer diálogo”, ressalvou Catarina Martins.
“Só me posso rir perante estes argumentos. Eu não acordei nenhum Orçamento com Pedro Passos Coelho. Eu abstive-me no primeiro Orçamento. Optei pelo interesse nacional. Em momentos de grande dificuldade, em que o país estava sob emergência financeira, eu optei pelo interesse nacional”, insistiu Seguro.
“O meu país precisa de um equilíbrio político e eu sou a pessoa de centro-esquerda que está em condições de oferecer esse equilíbrio político. Precisamos de ter um sistema político equilibrado. Precisamos de uma pessoa moderada”, advogaria o candidato.
“Estou a definir campos políticos que nós os dois decidimos ter em cada momento. António José Seguro também decidiu a abstenção num pacote laboral que tinha medidas inconstitucionais”, lembrou Catarina Martins, invocando um mal-estar, nas fileira socialistas de então, com a deputada Isabel Moreira, que tencionava votar contra. Algo que Seguro negou.
O candidato presidencial chamou a si a responsabilidade por ter sido travada uma revisão constitucional, nos anos de Passos Coelho, que imporia “um limite ao défice e à dívida pública”. “Deve-me a mim”, sustentou.
“Nessa altura, qual era o seu modelo económico? Era igual àquele que o Syryza impunha na Grécia”, acusou.
“Em 2015, eu fiz um acordo de governo para afastar a direita. Quando foi preciso escolher entre a Constituição e a austeridade, escolheu a austeridade”, voltou à carga a candidata bloquista.
“Estivemos do mesmo lado no que diz respeito à defesa do povo português, mas por caminhos diferentes”, apontaria ainda António José Seguro. “Se alguém faltou à esquerda foi quando o Bloco votou contra dois orçamentos”.
Envelhecimento do país
Questionada sobre o envelhecimento de Portugal – o segundo país mais envelhecido da União Europeia - e a sustentação do sistema de pensões, o SNS e a proteção social, defendidas pela candidata, Catarina Martins apontou o que diz ser o omento de revolução tecnológica que se está viver e na possibilidade de aumento de produtividade, para apontar uma escolha: “Ao serviço de quem é que essa produtividade vai ficar?”.
“Se aceitarmos a ideia do Governo de fragilizar mais quem trabalha, de cortar mais nos salários e impor mais horas de trabalho, já sabemos que esta produtividade vai ficar nas mãos de uns poucos e Portugal vai ter uma economia de baixos salários e é um erro. Mas se, pelo contrário, tivermos uma estratégia pública de investimento, na tecnologia e na qualificação, Portugal pode produzir muito mais e, se o fizermos, os nossos jovens vão querer ficar em Portugal e podem cá ter família porque reforçámos também os serviços que nos servem a todos”, defendeu a antiga coordenadora do BE.
“Alta capacitação”
António José Seguro apontou a questão da demografia como a causa que, num eventual segundo ano de mandato, assim os portugueses o escolham, será eleito pela sua Presidência.
“Nós temos dois problemas, um que é um envelhecimento das pessoas que vivem cada vez mais anos, isso é bom mas cria uma pressão sobre um grupo de serviços e temos pelo contrário uma pirâmide pouco rejuvenescida, temos cada vez menos jovens, no que se chama o duplo envelhecimento”, explicou Seguro.
Sobre as dificuldades dos jovens no quotidiano de vida em Portugal, Seguro admite que “o futuro para esta geração de jovens é um caminho estreito e muitas vezes um beco”, com a saída a ser apenas a emigração depois de o Estado e as famílias terem investido na sua “alta capacitação”.
“Eu aqui defendo um plano nacional de fusão e aquisição de PME” e “dar dimensão Às nossas empresas para que elas sejam mais produtivas e a nossa economia seja mais competitiva e permita melhores salários e melhor progressão na carreira para os jovens portugueses”, propugnou o socialista.
Portugal na NATO
Catarina Martins falou sobre a hipótese de Portugal sair da Aliança Atlântica, apontando nesse sentido uma leitura do texto da Constituição Portuguesa que, lembra, é aquele que deve ser defendido pelo presidente da República.A candidata sublinha que a Constituição defende a dissolução dos blocos político-militares, o que já aconteceu com o Pacto de Varsóvia.
Catarina Martins apontou, por outro lado, que se fala muito da NATO e pouco da Palestina, lembrando que a cada dia que passa, apesar do cessar-fogo, continuamos a assistir à morte de palestinianos às mãos da máquina de guerra israelita., com um aumento de ataques também na Cisjordânia.
Catarina Martins pede, nesse sentido, uma palavra clara de Portugal em relação a este tema, lembrando que continuamos a importar bens de Israel.
“A nível nacional o Governo decidiu reconhecer o Estado da Palestina, mas a verdade é que Portugal continua a importar bens de Israel e continuamos, portanto, a ser parte de quem está a financiar o genocídio que está a acontecer”, lamentou a candidata.
Seguro defende, pela sua parte, que Portugal deve manter-se fiel à NATO para garantir a sua segurança. Refere o antigo secretário-geral do PS que a NATO é uma aliança defensiva, o que se tornou claro na questão da guerra da Ucrânia, o que o leva, ao contrário do posicionamento de Catarina Martins, a não defender a sua extinção.
Numa referência às sondagens que vão sendo conhecidas, Catarina Martins vaticina que a esquerda precisa “mais de clareza e menos jogos, mais esperança e menos calculismo”. Seguro, pelo seu lado, defendeu a tese de que deve estar na segunda volta e que para isso acontecer, “garantir uma candidatura de esquerda na segunda volta”, deve haver uma convergência de votos na sua candidatura.