Cavaco pode convocar "em breve" o Conselho de Estado

Reforçar a insistência de Belém na estabilidade e sublinhar “pontes para consensos” serão, segundo Luís Marques Mendes, os pontos à cabeça da agenda de uma reunião do Conselho de Estado que pode ser convocada “dentro em breve” pelo Presidente da República. A revelação, que carece de confirmação oficial da Presidência, foi feita na última noite durante o espaço de comentário político que o antigo líder do PSD protagoniza na SIC. Onde arriscou também uma antevisão das palavras que Paulo Portas vai dirigir este domingo ao país, prevendo avisos “à troika” e “ao primeiro-ministro”. Sem “romper a coligação”.

RTP /
O Presidente da República, estima o conselheiro de Estado Marques Mendes, quer que “as questões da estabilidade sejam asseguradas” Mauricio Dueñas Castañeda, EPA

Estará para “breve” o anúncio de uma reunião do órgão consultivo da Presidência da República. Quem o antecipa é Marques Mendes, que tratou de avançar com o que descreveu como “notícia em primeira mão” durante o seu comentário semanal televisivo na estação de Carnaxide. Todavia, fonte de Belém, ouvida durante a manhã pela Antena 1, referiu não ter qualquer informação disponível sobre este assunto.

“O Presidente da República, dentro em breve, vai convocar uma reunião do Conselho de Estado. Isto é um dado que eu tenho por confirmado e por adquirido e julgo que será um sinal. O Presidente da República está atento a isto e, de alguma forma, quer o quê? Que as questões da estabilidade sejam asseguradas e que as pontes para os consensos políticos saiam sublinhadas”, adiantou o antigo governante social-democrata.

O Conselho de Estado deveria assim reunir-se, segundo Marques Mendes, “nas próximas semanas”. A agenda da reunião, antecipou, poderia decorrer da “preocupação” de Aníbal Cavaco Silva “com a estabilidade” e os impactos de quaisquer “crises políticas”: “Ao mesmo tempo, tentar evitar de facto que haja ruturas”.
Portas “não vai romper a coligação”
Marques Mendes abordou também a declaração política que o ministro dos Negócios Estrangeiros e líder do CDS-PP fará pelas 19h00 deste domingo. Uma intervenção que está gerar grande expectativa, tendo em conta os sinais de desconforto que têm emanado dos democratas-cristãos face a algumas das novas medidas de austeridade.Também o comentador de Política da Antena 1 Raul Vaz prevê que Portas se demarque “de algumas medidas”. Concretamente de “algumas das políticas seguidas pelo ministro das Finanças”.

“Vem de trás, esta fricção entre partidos, esta fricção entre ministros, sobretudo entre Paulo Portas e Vítor Gaspar. Eu penso que o doutor Paulo Portas, não criando o suspense que criou em setembro de 2012, acerca da Taxa Social Única, quer, com este ato, demarcar-se e procurar algum ganho de causa”, interpretou.


O CDS-PP é até ao momento o único partido a guardar silêncio sobre o pacote de cortes de 4,8 mil milhões de euros na despesa do Estado anunciado há dois dias pelo primeiro-ministro.

Luís Marques Mendes espera “avisos” por parte de Paulo Portas. Mas afasta um colapso da aliança governativa.

“Não vai romper a coligação, porque é uma pessoa responsável e percebe que isso seria um suicídio político, ainda por cima em vésperas do alargamento do prazo dos empréstimos. Isso seria um suicídio”, estimou o comentador.

“Segundo ponto, eu acho que ele vai discordar de algumas medidas, vai demarcar-se, designadamente nos pensionistas, que é a sua grande causa. Eu aí, nessa parte, já o disse, acompanho-o. Terceiro ponto, eu acho que de alguma forma ele vai fazer um aviso, um aviso à troika e um aviso ao primeiro-ministro, como quem diz: ou fazem algumas mudanças, ou acabamos a ter, mais dia menos dia, um problema na coligação”, concluiu.

No sábado, em Pombal, à chegada ao almoço que assinalou os 39 anos do PSD, Pedro Passos Coelho quis sublinhar que, “no menu de medidas apresentadas, há várias que decorreram” do “empenho pessoal” do líder do CDS-PP. Portas, insistiu o primeiro-ministro, tem realizado “muito trabalho dentro do Governo para que nós consigamos encontrar as melhores respostas possíveis”. Passos diria, por fim, confiar no “sentido de responsabilidade” do parceiro de coligação.
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