Os "erros das sondagens" publicadas na antecâmara das eleições para o Parlamento Europeu, em Junho, não podem ser reeditados nas eleições legislativas, insistiu esta segunda-feira o líder do CDS-PP. À saída de uma audiência com o Presidente da República, Paulo Portas sustentou que "o mercado das sondagens deve ser regulado" para que em caso de "vício" haja uma "consequência".
As críticas do partido de Paulo Portas à qualidade dos estudos de opinião em Portugal começaram a acentuar-se na noite de 7 de Junho, quando os resultados do escrutínio das eleições europeias contradisseram os números das sondagens. No "cenário virtual" então aventado, recordou o líder democrata-cristão, o PS "praticamente ganhava em todas" as sondagens, ao passo que o CDS-PP "praticamente desaparecia em todas".
Uma tal leitura "não pode repetir-se nas eleições legislativas", vincou Paulo Portas, para acrescentar que "historicamente os erros em relação ao CDS sucedem-se".
"Não é possível que em relação aos erros das sondagens não haja quaisquer consequências. Esse debate tem de ser feito porque, evidentemente, as sondagens e os seus erros têm influência sobre os eleitores, têm influência sobre os comentadores, têm influência sobre os jornalistas e negar essa influência é negar uma evidência", argumentou Portas.
Proibição rejeitada pelo PS
O CDS-PP submeteu à apreciação do Parlamento um projecto de lei para interditar a publicação de sondagens em período de campanha eleitoral. O diploma, discutido na passada sexta-feira, colidiu à partida com a rejeição dos socialistas, que, pela voz do vice-presidente da bancada da maioria Ricardo Rodrigues, descreveram a eventual proibição de sondagens em tempo de campanha como "um retrocesso".
O deputado do CDS-PP Pedro Mota Soares abriu, então, o debate parlamentar com a ideia de que proibir a publicação de sondagens nas campanhas eleitorais seria um contributo para a "qualidade da democracia".
Pelos sociais-democratas, o deputado Campos Ferreira começou por dizer que "os institutos e empresas de sondagens não têm transmitido uma imagem de competência e credibilidade", alimentando "suspeições sobre a seriedade na realização de quem as faz", mas circunscreveu a posição do PSD a um apelo à reflexão. Quanto à proposta do CDS-PP, Campos Ferreira afirmaria estar em causa "um retrocesso de 20 anos em Portugal".
O deputado comunista Bruno Dias recordou a oposição do PCP ao regime vigente da publicação de sondagens para sustentar que a difusão de estudos na recta final de uma campanha pode fazer parte de um "mecanismo de manipulação, deturpação e condicionamento do eleitorado".
Por sua vez, o deputado do Bloco de Esquerda Luís Fazenda situou as sondagens "no banco dos réus da opinião pública", mas considerou também que a "proposta do CDS não é a solução mais adequada". Os bloquistas preconizam a implementação de "um sistema de auditorias e que sejam revistas as competências da entidade reguladora".