Clivagens profundas podem entravar acordo para governo à esquerda

Programas eleitorais dos três partidos colocam em evidência divergências entre PS, PCP e BE.

Sérgio Vicente, José Carlos Ramalho, João Caldeirinha /
São clivagens profundas que podem tornar mais difícil um acordo de governo.

As principais divergências estão em assuntos como a NATO, a Europa, ou mesmo o Euro.

Na defesa, é a posição face à NATO. Os comunistas defendem a dissolução da organização. O Bloco fala em saída de Portugal e na extinção da aliança atlântica.

Na Europa, há uma União e uma moeda que os divide.
O PCP defende a revogação do Tratado Orçamental e do Tratado de Lisboa, e que o país se liberte da submissão ao euro. No programa do Bloco de Esquerda, fala-se em desobedecer ao Tratado Orçamental.

Bem diferente do que defende o PS: para os socialistas, a União Europeia e o Euro são o espaço de referência de Portugal.

Junta-se a questão da dívida. O PCP defende uma redução do valor nominal em 50%, e um corte de 75% dos juros a pagar. O Bloco fala em reestruturação, com um abatimento de 60%.

Na política fiscal, quem mais tem, mais deve pagar.
Para comunistas e bloquistas, o alvo principal são os ricos.

O PCP acrescenta, ainda, uma reversão das privatizações e mantém a ideia de uma reforma agrária e racionalização fundiária.

O fim da austeridade pode ser a ponte que une estes três partidos. Todos defendem um rumo diferente para o país.
Mesmo aqui, há caminhos diferentes para chegar ao mesmo destino.

PCP e Bloco, por exemplo, querem que a sobretaxa do IRS seja eliminada de imediato, bem como os cortes nos salários.
O PS também acha que este é o caminho, mas deverá ser seguido mais devagar.

Agora, estão todos sentados para negociar uma solução de governo à esquerda. O entendimento não é fácil, mas todos dizem que há empenho e caminho para andar.
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