O comissário para o Orçamento e Recursos Humanos, o alemão Guenther Oettinger, tinha afirmado numa entrevista à Deutsche Welle que o fracasso da Itália nos mercados financeiros levaria os eleitores do país “a não voltarem a votar em partidos populistas”. Uma afirmação que fez levantar as orelhas para lá dos Alpes, obrigou à “reformulação” das declarações e levou o comissário a pedir desculpas perante um coro de declarações nas mais altas instâncias da Comissão e da União Europeia.
Oettinger concluíra o raciocínio no sentido de que não deveria desta forma haver qualquer temor de que os movimento populista Liga (extrema-direita) ou o anti-sistema Movimento 5 Estrelas (M5S) viessem a fortalecer-se em próximos actos eleitorais, resultando em última instância na prevalência de ideologias que abrissem a porta à saída da Itália da zona euro ou da União Europeia.
Guenther Oettinger ainda pediu desculpa pela ingerência, mas o mal estava feito. As reações à entrevista foram imediatas num momento em que a Itália atravessa um momento crítico no cenário político, com visível dificuldade para empossar um elenco governativo de consenso entre a Liga, anterior Liga Norte, e o M5E.
Vozes levantam-se do outro lado dos Alpes
O líder da Liga, Matteo Salvini, pediu a cabeça do comissário alemão, que era já conhecido pela tendência para a gaffe, mormente quando teve uma referência infeliz sobre os homossexuais.
O líder do M5S, Luigi di Maio, classificou as afirmações do comissário alemão de absurdas: “Tratam a Itália como se ela fosse uma colónia de verão onde vão passar férias. Mas em breve nascerá um governo da mudança, vamos finalmente fazer-nos respeitar na Europa”.
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, escreveria no Twitter que apenas os italianos podem decidir o futuro de seu país: “O meu apelo a todas as instituições europeias: por favor respeitem os eleitores. Estamos aqui para servi-los e não para os ensinar”.