Conselho Nacional do PDS reúne-se hoje com pedido de Rio para adiar diretas

por RTP
António Cotrim - Lusa

O Conselho Nacional do PSD reúne-se esta quinta-feira, em Lisboa, com a marcação das diretas e do Congresso na agenda, mas com um pedido de última hora de Rui Rio para que só o faça depois da votação do Orçamento.

Na quarta-feira à tarde, a direção enviou aos conselheiros a proposta de realização das eleições diretas para escolher o presidente do PSD para 4 de dezembro (dia do aniversario da morte do fundador Francisco Sá Carneiro), com uma eventual segunda volta no dia 11, caso nenhum candidato obtivesse mais de 50 por cento dos votos.


A proposta da Comissão Política Nacional (CPN) apontava para a realização do 39.º Congresso do PSD entre 14 e 16 de janeiro, em Lisboa, numa antecipação de cerca de um mês em relação aos dois anteriores atos eleitorais internos.

Os conselheiros nacionais receberam, além desta proposta, uma “hipótese de cronograma”, em que as diretas se realizariam em 8 de janeiro (com eventual segunda volta dia 15) e o Congresso entre 4 e 6 de fevereiro.


“Cumprimos a nossa obrigação. Fizemos a proposta. As pessoas podem estudar as propostas. Eu acho que os conselheiros deviam ponderar bem a situação em que o PSD se pode meter se marcarmos as eleições”, apelou o presidente do partido.


Ontem, em declarações aos jornalistas no Parlamento Rui Rio já tinha deixado um alerta: “Se este Orçamento não passar, como pode acontecer, o PSD é apanhado em plenas diretas e completamente impossibilitado de disputar as eleições legislativas taco a taco”.

“O que entendo que seria de bom-tom era que este Conselho Nacional fizesse a análise das autárquicas, não marcaria diretas, e ficaria marcado um Conselho Nacional para depois da aprovação ou não do OE. Se o OE for aprovado, há condições para diretas, se não for não vejo como o partido pode fazer internas e legislativas ao mesmo tempo”, acrescentou.
Quando questionado se se sente em condições de disputar legislativas antecipadas, Rio foi categórico. “Claro, isso é evidente, sou o líder do partido, fui candidato a primeiro-ministro em 2019. Depois de sair das autárquicas, será ainda mais fácil”, afirmou.
Não há candidatos assumidos à liderança
O tom do Conselho Nacional, marcado para as 21h00 em Lisboa, poderá mudar depois deste apelo, numa altura em que não existem ainda candidatos assumidos à liderança do PSD e se aguardando pela clarificação por parte de Rui Rio - se é ou não recandidato - e pela confirmação do eurodeputado Paulo Rangel de que avançará para nova disputa da presidência social-democrata.

Rio mantém desde a noite eleitoral autárquica, há mais de duas semanas, o silêncio sobre uma eventual recandidatura
, apesar de, logo na madrugada de 27 de setembro, ter considerado que o partido teve “um excelente resultado”, que o coloca em “melhores condições de vencer as eleições” legislativas de 2023.

Nessa ocasião, não quis abordar o seu futuro político para não misturar temas da vida interna do PSD com as autárquicas, e, desde então, nas poucas ocasiões públicas em que pôde ser questionado, manteve o silêncio sobre o tema.

Já o eurodeputado Paulo Rangel referiu o assunto apenas uma vez depois das autárquicas
, num artigo no jornal Público, para defender que não era “ainda o tempo” da clarificação ou debate interno no PSD, mas de fazer “uma análise fina e detalhada” dos resultados autárquicos.

“A seu tempo, virá o ciclo eleitoral normal do PSD e, aí sim, cada militante será chamado a assumir as suas responsabilidades”, disse então.

Na terça-feira, Rangel compareceu na apresentação do livro do ex-candidato à liderança Miguel Pinto Luz - que se afastou da corrida desta vez e admitiu que o eurodeputado encaixa no perfil que defende para presidente do PSD -, mas apenas confirmou que estará presente no Conselho Nacional, como é sua “obrigação”.

Fora da disputa está, para já, o ex-líder parlamentar Luís Montenegro, que protagonizou com Rio a última disputa e o forçou a uma inédita segunda volta em 2020.

“Não tenciono protagonizar nenhuma candidatura por várias razões. As principais são que eu tinha um projeto de afirmação política do PSD a quatro anos, quando me apresentei a votos há dois anos, e creio que não tendo acontecido nessa altura, não é que não pudesse acontecer agora outra vez, mas envolvi-me em projetos de natureza profissional, pessoal, familiar que não queria deixar a meio nesta altura”, explicou, uma semana depois das autárquicas, em entrevista ao Jornal de Notícias e à TSF.

O antigo ‘vice’ de Passos Coelho Jorge Moreira da Silva, que recentemente lançou um livro em que traçava um perfil para novas lideranças políticas, também se tem remetido ao silêncio, limitando-se, numa publicação no Facebook, a dar os parabéns aos candidatos autárquicos do PSD no dia a seguir às eleições, em especial a Carlos Moedas, pela “extraordinária vitória em Lisboa”, sem nunca se referir a Rio.

O novo presidente eleito para a Câmara de Lisboa já assegurou que se irá manter focado nesta tarefa e, questionado se pretende dizer uma palavra sobre a vida interna do partido, foi claro: “Não, não direi”.

c/Lusa
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