Contactos à esquerda levam Sérgio Sousa Pinto a deixar secretariado nacional do PS

Sérgio Sousa Pinto demitiu-se do secretariado nacional do PS. O deputado socialista não avança para já as suas razões, deixando explicações para os órgãos do partido. Em causa deverá estar a procura do PS de uma coligação à esquerda.

RTP /
Mário Cruz, Lusa

A demissão do antigo líder da JS e actual deputado do PS foi avançada pelo jornal i.

“Falarei nos órgãos do partido”, afirmou Sérgio Sousa Pinto, já num contacto da agência Lusa, o que deverá acontecer na noite de terça-feira, data da próxima reunião da comissão política nacional dos socialistas.

Em declarações à Antena 1, a diretora do jornal e comentadora de política nacional relaciona esta decisão com a possível ruptura do deputado face à estratégia de António Costa.


Na análise de Ana Sá Lopes, esta posição de Sérgio Sousa Pinto representa o descontentamento generalizado que existe dentro do partido.

Em causa estarão os contactos do secretário-geral dos socialistas com os partidos à esquerda do Parlamento, no que aparenta ser uma vontade de formar um governo socialista com apoio de PCP e Bloco de Esquerda.

O i transcreve a publicação do deputado na sua página pessoal na rede social Facebook, onde se pode notar a desconfiança de Sérgio Sousa Pinto acerca da real disposição dos partidos de esquerda de participarem no processo governativo.

"Aparentemente o BE e o PCP estão dispostos a viabilizar um governo do PS, um governo com menos deputados socialistas no Parlamento que a coligação de direita. Mas não estão disponíveis para integrar o governo e partilhar a responsabilidade de governar", sublinha o antigo dirigente da JS.

O deputado acrescenta: "O que se seguiria seria fácil de imaginar. Uns a pensar no país, outros a pensar na sua plateia, outros ainda a pensar em eleições e na maioria absoluta. A esta barafunda suicidária, sem programa nem destino certo, chamar-se-ia "governo de esquerda" - coisa que nem os eleitores do bloco desejaram, optando pelo partido do protesto histriónico (e agora fanfarrão). Um penoso caos que entregaria Portugal à direita por muitos anos. Mas talvez permitisse ao BE suplantar o PS. E não é essa a verdadeira agenda, velha de 40 anos, de quem se reclama "da verdadeira esquerda"? Talvez me engane".

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