Da esquerda à direita, têm chegado duras críticas às medidas que foram esta quinta-feira anunciadas pelo Governo de apoio ao crédito à habitação. Os partidos consideram que as medidas são insuficientes e que quem sai a ganhar é a banca.
Todos os partidos consideram que as medidas, anunciadas hoje pelo Governo, não vão resolver os problemas das famílias que neste momento já estão com dificuldades.
A esquerda e a direita parecem concordar que as medidas aprovadas em Conselho de Ministros para mitigar o impacto da subida das taxas de juros apenas beneficiam a banca e prejudicam os portugueses. Essa foi a ideia transmitida por PCP, Chega e Bloco de Esquerda.
Bruno Dias, do PCP, diz que o Governo está a "proteger a banca" e que "aqueles que irão agradecer e aplaudir as medidas agora anunciadas serão os donos e os administradores nos bancos".
O PCP defende, por isso, que os bancos devem "pagar o impacto das taxas de juro, compensando na prestação do empréstimo do crédito à habitação para fazer face a essa variação".
O Chega também defende que deveria ser a banca a sustentar parte dos apoios aos créditos à habitação.
“Este era o momento em que não deviam ser os impostos dos portugueses a sustentar qualquer apoio ou qualquer moratória do crédito à habitação. Deviam ser os lucros excedentários da banca, porque derivam diretamente da inflação, a sustentar uma parte destes apoios”, defendeu André Ventura, afirmando que “o Governo não teve coragem de fazer isso”.
O presidente do Chega diz que as novas medidas apresentadas pelo Governo não são mais que “paliativas” e que não vão resolver os problemas das famílias que neste momento já estão com dificuldades.
Para Mariana Mortágua, a banca é também “quem ganha com estas medidas”.
Para a líder do Bloco de Esquerda, as medidas “visam garantir e dizer aos bancos que vão continuar a lucrar, quer pela via de uma nova dívida contraída por quem tem um empréstimo à habitação, quer pela via dos impostos, que são canalizados para pagar uma parte das prestações ao banco”.
“As pessoas perdem, a banca ganha”, afirmou.
O presidente do PSD defende que as medidas são limitativas e que o Governo age “ao retardador”.
Luís Montenegro considera ainda que o tempo é muito curto para pagar a compensação do valor que não é pago agora pelas famílias.
“Mais vale tarde do que nunca e é melhor isto do que nada, mas parece-me muito limitativa”, afirmou.
O PAN também considera que as medidas anunciadas pelo Governo para a habitação são "uma mão cheia de nada".
Inês Sousa Real afirma que estas propostas deixam vários termos, ainda por conhecer, nas mãos da banca.
“É imoral que os portugueses, que deram a mão à banca quando a banca mais precisou, vejam agora medidas do Governo que deixam precisamente na mão da banca a possibilidade de renegociação em termos que não conhecemos”, disse Inês Sousa Real, acusando o Executivo de António Costa de continuar com a sua “campanha propagandista”.
Já o PS diz que o Governo apresentou soluções e lamenta que a oposição prefira "criar mais confusões", em vez de apoiar as medidas.
"É com pena que registo que alguns partidos da oposição, em vez de subscreverem algumas destas iniciativas, não só não criticam o Banco Central Europeu pelas suas consecutivas decisões de aumentar as taxas de juro, como atacam o Governo por mais uma vezes apoiar os portugueses", afirmou.
"O Governo continua à procura de soluções. Infelizmente, a esmagadora maioria dos partidos da oposição continua centrada em criar mais confusões", acrescentou.
"O Governo continua à procura de soluções. Infelizmente, a esmagadora maioria dos partidos da oposição continua centrada em criar mais confusões", acrescentou.
Segundo o ministro das Finanças, até um milhão de famílias podem ser abrangidas pela medida de estabilização ou redução da prestação e cerca de 200 mil famílias poderão beneficiar da medida relativa ao alargamento e simplificação do regime de bonificação de juros.