Política
Presidenciais 2026
Debate das Presidenciais. António Filipe e Henrique Gouveia e Melo trocam acusações sobre situação de paz na Ucrânia
Com as negociações de paz para a Ucrânia a decorrer em Moscovo, o tema gerou discórdia no debate desta noite, na TVI, entre António Filipe, que diz não ser parte das negociações, e Henrique Gouveia e Melo, que considera o conflito uma ameaça ao "futuro do sistema internacional".
No debate televisivo transmitido pela TVI, o ex-chefe do Estado Maior da Armada e o candidato presidencial apoiado pelo PCP estiveram em desacordo em quase tudo, desde a Ucrânia, passando pela presença de Portugal na NATO, os modelos económicos e o novo pacote laboral.
Um dia depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter sido hospitalizado e submetido a uma cirurgia, surge a questão de se há necessidade de, em casos semelhantes, o presidente da República ser temporariamente substituído.
Gouveia e Melo aproveitou para dizer que se preocupa com “estes debates, que cada vez debatem questões mais laterais e menos as coisas que interessam para a Presidência”.
À mesma questão António Filipe respondeu que a “Constituição resolve isto”.
“Penso que houve alguma confusão sobre a substituição temporária”, afirmou o candidato, explicando que esta substituição “prevê o caso em que o próprio presidente da República, sabendo que vai estar incapacitado durante um determinado período (…), requer ao Tribunal Constitucional que seja reconhecida essa incapacidade transitória e que, então aí, o presidente da Assembleia da República assume como presidente interino”.
Contudo, segundo António Filipe, noutras situações “a questão não se coloca”.
Acordo de paz na Ucrânia "à mesa das negociações"
Com o tema da guerra da Ucrânia na agenda mundial e as negociações para um acordo de paz com a Rússia a decorrer, o candidato comunista, que sempre se manifestou a favor da paz, afirmou não ser “parte das negociações”, mas querer um acordo o quanto antes.
“Não vão pedir a minha opinião. Quem vai decidir os termos da paz são os ucranianos e os russos, com as mediações que houver com os Estados Unidos. E eu espero é que rapidamente cheguem a um acordo que ponha termo à guerra na Ucrânia. É isso que eu quero”, esclareceu.
Recordando que anda “a dizer isto há muito tempo”, António Filipe lamenta que já seja “muito tarde”, porque “morreu muita gente” e porque “se perderam oportunidades pelo caminho para uma solução de paz”.
“Quem tem de chegar a acordo são as partes envolvidas. Não sou eu”, repetiu, acrescentando que o que é preciso é “uma paz duradoura” e que tem de ser alcançada “à mesa das negociações”.
"Futuro do sistema internacional" ameaçado
Gouveia e Melo, por seu lado, considerou que “são negociações importantes” tanto para a “paz na Europa” como para “o futuro do sistema internacional”.
Apesar de concordar com o opositor político de que não é com “a nossa capacidade negocial” que se vai chegar a um acordo de paz, considera que “é preciso ter uma posição”. Gouveia e Melo lembrou então que António Filipe chegou, no passado, a dizer que Volodymyr Zelensky “era apoiado por fascistas e por neonazis”.
“Acho que se enganou em quem é que invadiu quem”, disse dirigindo-se ao adversário em debate, argumentando que a Rússia ao invadir a Ucrânia “criou um novo sistema (…) internacional, em que as fronteiras podem ser violadas” – o que considera ter “consequências terríveis para o sistema internacional (…) e para a paz na Europa, que nos afeta diretamente a nós”.
Falando diretamente para o adversário, Gouveia e Melo questionou: “continua a acreditar que o Zelensky é apoiado por fascistas e neonazis, e que o grande democrata é o senhor Putin?”.
Em resposta, António Filipe garantiu ser quem está mais longe politicamente de Vladimir Putin e, em tom de acusação, recordou que não foi quem sugeriu que “os jovens portugueses deviam morrer onde os mandassem morrer”.
Quanto às declarações sobre os apoiantes do líder ucraniano, o candidato comunista argumenta que “são os factos”. Mas a questão que importa a António Filipe, para a Presidência da República de Portugal, é que “arquitetura de paz queremos para a Europa”.
“Essa arquitetura de paz desfez-se (…) e é preciso reconstruí-la. Agravou-se em 2022, perderam-se oportunidades da paz”, continuou. “Digo há muito tempo que, quanto mais cedo houver uma solução de paz entre a Rússia e a Ucrânia, melhor para a Rússia, melhor para a Ucrânia”.
E deixou uma questão no ar: “Aqueles que queriam a guerra agora querem a paz? Acho que deviam ter querido a paz há mais tempo”.
Gouveia e Melo ripostou dizendo que “a paz com capitulação não é uma paz, é uma imposição da vontade dos outros”. O almirante duvida que haja, no futuro, uma guerra nuclear ou uma “guerra até ao último ucraniano”. Contudo, acredita que pode haver “uma mudança geoestratégica profunda que nos afeta também”.
"Queremos uma democracia"
Tentando alargar o assunto em debate, o candidato independente acusou o adversário de ter “uma conceção da sociedade (…) da ditadura do proletariado” e de andar a “defender o património de Fidel Castro, que foi um ditador”.
“Nós queremos uma democracia. E o senhor está a concorrer para a Presidência e para uma Presidência democrata”, disse Gouveia e Melo a António Filipe.
Continuando o debate com a troca de acusações, o candidato comunista afirmou ter tido “muita honra” em acompanhar Marcelo Rebelo de Sousa a uma visita de Estado a Cuba. E lembrou que Portugal e Cuba mantêm “ligações diplomáticas que nunca se quebraram durante a ditadura” portuguesa.
“Não creio que um presidente da República possa referir-se assim a quem teve a importância que teve Fidel Castro naquele país. (…) Para me atacar, por via do anticomunismo, chegou a esse ponto de pôr em causa as relações históricas” dos dois países.
E acrescentou que se Gouveia e Melo quer ser candidato a presidente da República, “tem de ter uma postura de Estado relativamente às relações externas do Estado português”.
Apesar de não apoiar a posição do almirante - de que se um país na NATO for atacado as forças armadas portuguesas devem ir combater – António Filipe assumiu que não abandonaria as organizações, se fosse presidente da República, mas que queria que Portugal tivesse “uma voz própria”.
“Não aceito a ideia de que, pelo facto de pertencermos a uma organização, não podemos ter voz própria”.
Gouveia e Melo ripostou dizendo que “a paz com capitulação não é uma paz, é uma imposição da vontade dos outros”. O almirante duvida que haja, no futuro, uma guerra nuclear ou uma “guerra até ao último ucraniano”. Contudo, acredita que pode haver “uma mudança geoestratégica profunda que nos afeta também”.
"Queremos uma democracia"
Tentando alargar o assunto em debate, o candidato independente acusou o adversário de ter “uma conceção da sociedade (…) da ditadura do proletariado” e de andar a “defender o património de Fidel Castro, que foi um ditador”.
“Nós queremos uma democracia. E o senhor está a concorrer para a Presidência e para uma Presidência democrata”, disse Gouveia e Melo a António Filipe.
Continuando o debate com a troca de acusações, o candidato comunista afirmou ter tido “muita honra” em acompanhar Marcelo Rebelo de Sousa a uma visita de Estado a Cuba. E lembrou que Portugal e Cuba mantêm “ligações diplomáticas que nunca se quebraram durante a ditadura” portuguesa.
“Não creio que um presidente da República possa referir-se assim a quem teve a importância que teve Fidel Castro naquele país. (…) Para me atacar, por via do anticomunismo, chegou a esse ponto de pôr em causa as relações históricas” dos dois países.
E acrescentou que se Gouveia e Melo quer ser candidato a presidente da República, “tem de ter uma postura de Estado relativamente às relações externas do Estado português”.
Apesar de não apoiar a posição do almirante - de que se um país na NATO for atacado as forças armadas portuguesas devem ir combater – António Filipe assumiu que não abandonaria as organizações, se fosse presidente da República, mas que queria que Portugal tivesse “uma voz própria”.
“Não aceito a ideia de que, pelo facto de pertencermos a uma organização, não podemos ter voz própria”.
Discórdia sobre a lei laboral
A dias de uma greve geral, o tema da legislação laboral foi também abordado.
Gouveia e Melo defendeu que o "Governo tem de ter uma atitude mais negocial" e pediu equilíbrio num contrato social que "não deixe ninguém para trás". Mas para António Filipe "não se consegue perceber" o que o adversário pensa sobre "coisa nenhuma", porque "diz umas generalidades".
Na nova troca de acusações, o almirante assumiu-se como um "social-democrata antigo", que concilia a economia de mercado e os direitos dos trabalhadores e acusou António Filipe de ser defensor de um modelo económico estatizante "que já falhou".
Questionados sobre a sua maior preocupação no dia da tomada da posse, caso venham a ser eleitos, Gouveia e Melo disse querer "transformar o país" e assegurou que não será uma "marioneta, nem uma força de bloqueio ao Governo", enquanto António Filipe disse querer que "os portugueses sintam que têm um Presidente que está do seu lado e conhecem os seus problemas" e garantiu fazer de tudo para cumprir os direitos consagrados na Constituição.
A dias de uma greve geral, o tema da legislação laboral foi também abordado.
Gouveia e Melo defendeu que o "Governo tem de ter uma atitude mais negocial" e pediu equilíbrio num contrato social que "não deixe ninguém para trás". Mas para António Filipe "não se consegue perceber" o que o adversário pensa sobre "coisa nenhuma", porque "diz umas generalidades".
Na nova troca de acusações, o almirante assumiu-se como um "social-democrata antigo", que concilia a economia de mercado e os direitos dos trabalhadores e acusou António Filipe de ser defensor de um modelo económico estatizante "que já falhou".
Questionados sobre a sua maior preocupação no dia da tomada da posse, caso venham a ser eleitos, Gouveia e Melo disse querer "transformar o país" e assegurou que não será uma "marioneta, nem uma força de bloqueio ao Governo", enquanto António Filipe disse querer que "os portugueses sintam que têm um Presidente que está do seu lado e conhecem os seus problemas" e garantiu fazer de tudo para cumprir os direitos consagrados na Constituição.
C/Lusa