Défice orçamental "tem que ser a última das preocupações"

por RTP
António Costa disse que há 72 casas reconstruídas na zona de Pedrógão Grande

Blindar as metas definidas para a derrapagem das contas públicas “tem que ser a última das preocupações neste momento”. O primeiro-ministro respondeu nestes termos, esta quarta-feira, quando questionado sobre o impacto no Orçamento do Estado das medidas de apoio aos concelhos atingidos pelos incêndios. António Costa ressalva, ainda assim, que se impõe “manter uma trajetória de consolidação orçamental”.

“Reconstruir” é agora a prioridade, segundo o chefe do Governo. Em Coimbra, depois de uma reunião de membros do Governo, à porta fechada, na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, Costa quis deixar vincado que “a reativação da atividade económica é absolutamente central”.Na reunião desta quarta-feira em Coimbra foi apresentado um levantamento provisório de prejuízos do tecido empresarial atingido pelos fogos de 15 de outubro.


“Não podemos ter uma obsessão quando a prioridade que temos neste momento é obviamente reconstruir o país, é apoiar as famílias, é apoiar a reconstrução das habitações, é apoiar a reconstrução do tecido económico”, enfatizou o primeiro-ministro, para acrescentar que à falta deste esforço “aquilo que está desertificado mais desertificado fica”.

Ainda segundo António Costa, o Executivo está empenhado em “conseguir compatibilizar as coisas, quer através da mobilização de fundos comunitários, quer através da negociação com a Comissão Europeia de isenções de contabilização de certa despesa para efeitos do défice, quer com mecanismos de reengenharia que permitem a mobilização de recursos”.

“Estamos a encontrar soluções de forma a, sem derrapagens, responder àquilo que é necessário”, reforçou, antes de reiterar que “a última preocupação” é “discutir uma décima ou menos uma décima”.
“Com responsabilidade”

O primeiro-ministro sublinharia que nem a Comissão Europeia está a colocar entraves, pelo que “não vale a pena” fomentar “angústias”.

“Concentremo-nos em fazer aquilo que estamos a fazer. Claro que com responsabilidade, sabendo que temos metas a cumprir, que temos objetivos que temos de prosseguir e que iremos prosseguir de forma equilibrada como temos feito até agora”, insistiu Costa.

“Com certeza que iremos conseguir resolver os problemas sem criar novos problemas”, rematou.

A reunião de trabalho em Coimbra contou com a presença da presidente da CCDRC, Ana Abrunhosa, do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, do ministro adjunto Pedro Siza Vieira, do ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, de Manuel Caldeira Cabral, titular da pasta da Economia, e de Nelson de Sousa, secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão.
Obras concluídas em 72 casas
Durante a tarde, o primeiro-ministro visitou quatro casas que foram já reconstruídas na zona de Pedrógão Grande. De acordo com o chefe do Executivo, as obras em 72 casas estão já concluídas e 90 habitações estão em fase de arranque de obra, o que corresponde a 66 por cento de todas as habitações afetadas.

“Na altura do Natal, todas as casas estarão ou concluídas ou já em obras”, afirmou o primeiro-ministro aos jornalistas.

Para António Costa, a experiência em Pedrógão fez com que muitos procedimentos fossem agilizados e essas medidas serão agora extensíveis às vítimas dos incêndios de outubro.

De acordo com dados entretanto conhecidos da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, os fogos de dia 15 de outubro atingiram total ou parcialmente 800 casas de primeira habitação.

O primeiro-ministro garantiu que o apoio às empresas é outra das prioridades, bem como a reflorestação. Assumiu que a floresta que vai surgir no centro do país “não pode ser como a que tínhamos”.
pub