Dois candidatos comunistas chegaram a líderes do PCP

O PCP, que no sábado decide o seu candidato presidencial em comité central, avançou sempre com candidaturas a Belém desde 1976, de dirigentes do "núcleo duro" da liderança, desistiu por três vezes e dois deles foram secretários-gerais.

Lusa /

Nas primeiras presidenciais da democracia, avançou Octávio Pato, um histórico do PCP desde os tempos da clandestinidade, líder parlamentar da bancada comunista na Assembleia Constituinte, que obteve 7,59% dos votos, abaixo de Otelo Saraiva de Carvalho, o estratego do golpe do 25 de Abril (16,46%).

Por três vezes, os candidatos comunistas não foram a votos.

O primeiro foi Carlos Brito em 1980, que desistiu para o partido apoiar Ramalho Eanes, Ângelo Veloso em 1986, que saiu da corrida nas eleições que deram a vitória a Mário Soares sobre Freitas do Amaral, e Jerónimo de Sousa em 1996, para apoiar Jorge Sampaio na vitória sobre Cavaco Silva.

Em 1985 e 1986, Portugal vive uma das eleições presidenciais mais disputadas, entre Mário Soares, líder do PS e adversário dos comunistas durante a revolução, e Diogo Freitas do Amaral, fundador do CDS, e em que também entrou Salgado Zenha, um histórico dos socialistas.

Foram eleições em duas voltas. Na primeira, os comunistas apresentaram Ângelo Veloso, um dirigente histórico do partido e deputado eleito pelo Porto, que não chegou às urnas para tentar favorecer Salgado Zenha.

Mas a votação ditou a passagem à segunda volta de Soares e Freitas e o PCP teve de organizar um congresso, em tempo recorde, um congresso para formalizar o apoio ao ex-líder socialista. O mesmo congresso em que Álvaro Cunhal pediu aos militantes que votassem em Soares mesmo que tivesse de tapar a sua cara no boletim de voto.

"Se for preciso tapem a cara [de Soares no boletim de voto] com uma mão e votem com a outra", pediu. 

Os candidatos presidenciais dos comunistas foram sempre muito próximos das lideranças.

Carlos Carvalhas, que sucedeu a Álvaro Cunhal em 1992 na liderança do partido, concorreu um ano antes, em 1991, às presidenciais.

E é de Carvalhas o melhor resultado de sempre de um candidato do PCP em presidenciais -- 12,92%.

Em 2001, o candidato comunista foi António Abreu, próximo da direção de Carvalhas, vereador na câmara de Lisboa, que recolheu 5,16%. 

Nas eleições em que foi a votos, em 2006, Jerónimo de Sousa, já secretário-geral do partido desde 2004, ficou em quarto lugar, com 8,64%.

Em 2011, o escolhido foi Francisco Lopes, deputado e membro da direção do partido, que recolheu 7,14% dos votos.

Há cinco anos, numas presidenciais com um recorde de candidatos (10), os comunistas apoiaram o ex-dirigente do PCP na Madeira Edgar Silva que teve 3,95% dos votos.

A seis meses do fim do mandato do atual Presidente da República, são já oito os pré-candidatos ao lugar de Marcelo Rebelo de Sousa, apesar de o nome de um deles ainda ser uma incógnita, o do PCP precisamente.

São eles o deputado André Ventura (Chega), o advogado e fundador da Iniciativa Liberal Tiago Mayan Gonçalves, o líder do Partido Democrático Republicano (PDR), Bruno Fialho, a eurodeputada e dirigente do BE Marisa Matias, a ex-deputada ao Parlamento Europeu e dirigente do PS Ana Gomes, Vitorino Silva (mais conhecido por Tino de Rans), o ex-militante do CDS Orlando Cruz e no sábado será conhecido o candidato apoiado pelo PCP.

Marcelo Rebelo de Sousa ainda não revelou o que vai fazer, remetendo uma decisão "lá para novembro".

Tópicos
PUB