Estreantes no Parlamento entram com "sentimento de missão", "irreverência" e para ser "voz de uma geração"

Há 44 'caloiros' na Assembleia da República, deputados que se vão sentar pela primeira vez no hemiciclo nesta legislatura. No dia em que o Parlamento começa a receber os deputados eleitos, a Antena 1 conversou com estreantes do PSD, do Chega e do PS.

Inês Ameixa, Teresa Borges, João Alexandre - Antena 1 /
Foto: Pedro A. Pina - RTP

Na bancada parlamentar do PSD, praticamente todas as caras novas estão ligadas à máquina partidária.

Entre presidentes de Câmara, que o eram até aqui, e outros autarcas ligados ao poder local, também chegam ao Parlamento jovens ligados à estrutura social-democrata - a JSD. 

É o caso de João Pedro Louro, líder da jota, eleito pelo círculo de Lisboa, que, ouvido pela rádio pública, conta o que se sente na estreia no Parlamento, para onde espera levar temas de defesa dos interesses da juventude.

"Qualquer jovem deputado traz para a AR uma grande irreverência na forma como faz política", afirma, entre 91 deputados eleitos pela AD, coligação de PSD e CDS.

Entrevistado pela jornalista Inês Ameixa, João Pedro Louro considera que a nova dinâmica parlamentar "só nos traz mais responsabilidade e exige que tenhamos a capacidade de dialogar e de construir pontes".
"Sinto um grande sentimento de missão"

O Chega é o que tem mais estreantes: são 15 novos deputados, entre autarcas, assessores e dirigentes do partidos, num total de 60 eleitos. 

A jornalista Teresa Borges esteve à conversa com João Lopes Aleixo, uma das novidades na bancada do Chega nesta legislatura. Juntou-se quando o partido foi fundado, em 2019, "sem qualquer ambição política” e acabou a querer "fazer mais”. 

Atualmente é Presidente da Mesa da Convenção e do Conselho Nacional do partido e deputado municipal na Assembleia Municipal de Lisboa. Natural do concelho de Mora, em Évora, João Lopes Aleixo foi cabeça de lista por outro círculo alentejano, Portalegre. É um dos três distritos que o Chega venceu ao Partido Socialista nas eleições legislativas, vitória que o deputado eleito justifica com a "mensagem" do Chega. 

"Portalegre perdeu 11% da população nos últimos anos, tem 25% da população com mais de 65 anos, os jovens saem [do distrito]", refere, "é quase o jackpot dos problemas nacionais. A nossa mensagem e o que defendemos vai ao encontro do que as pessoas sentem", acrescenta. 

O dirigente do Chega aponta o combate à corrupção e à imigração descontrolada, bandeiras antigas do partidos, como áreas onde quer ver trabalho feito até ao final da legislatura. No âmbito local, deseja que este mandato corresponda ao fim das “promessas adiadas” em Portalegre, distrito pelo qual concorreu o ministro da Coesão Territorial Manuel Castro Almeida. 

A horas de tomar posse como deputado, João Lopes Aleixo afasta também qualquer nervosismo. "Sinto um grande sentido de missão", refere em entrevista à Antena 1, "cai a ficha, as pessoas estão a pôr tudo nas nossas mãos". 

"Sinto uma ansiedade, no sentido de arregaçar as mangas e começar a trabalhar", conclui.
"Ser a voz de uma geração"

Com 25 anos, Sofia Pereira, líder da Juventude Socialista desde dezembro, é um dos novos rostos do parlamento português.

Natural de Lamego e licenciada em Comércio e Relações Económicas Internacionais, a deputada socialista diz à Antena 1 que tem como compromisso "contribuir para melhorar a vida" da geração à qual pertence, sobretudo a vida dos mais jovens, e com particular atenção a matérias como a habitação ou os salários, mas, também as alterações climáticas - um tema que considera essencial e algo esquecido.

"Aquilo que nós queremos - e que eu quero, neste plano - é, sobretudo, perceber quais são os temas de emancipação jovem que mais afligem a nossa geração, e, por outro lado, conseguir garantir que todos os trabalhadores possam ter mais salário disponível ao final do mês", diz a deputada ao jornalista João Alexandre. 

Quanto ao grupo parlamentar do PS, composto por 58 deputados, Sofia Pereira pretende ser uma voz "ouvida" pelos pares e com poder de influenciar o dia-a-dia da bancada socialista: "Não é possível fazer política para os jovens sem que estejamos devidamente integrados. E, portanto, também no grupo parlamentar isso tem de se refletir".
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