Os partidos de extrema-direita estão a crescer na Europa. Depois de Áustria e Hungria, passaram a estar em destaque em países como a Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Países Baixos e, agora, Portugal.
Em Portugal, o Chega, quando ainda faltam apurar os resultados da votação dos portugueses residentes no estrangeiro, que elegem quatro deputados, está em terceiro lugar com 22,56 por cento, e conta com o mesmo número de parlamentares que o Partido Socialista, 58.
Orbán prepara-se para disputar eleições gerais na primavera de 2026, desafiado por um antigo funcionário público que se rebelou, Peter Magyar, do partido Tisza.
Na Finlândia, o Partido dos Finlandeses, de extrema-direita, ficou em segundo lugar nas legislativas de abril de 2023 e é membro da coligação governamental formada pelo conservador Petteri Orpo, cuja Coligação Nacional, de centro-direita, venceu as eleições.
O líder dos conservadores, Ulf Kristersson, tornou-se chefe de Governo ao formar um bloco maioritário com o apoio do SD, com base num programa de coligação que incluía uma forte redução da imigração.
O partido que começou por eleger apenas um deputado (André Ventura) nas legislativas de 2019, passou a ter uma bancada parlamentar com 12 deputados em 2022. Nas legislativas de 2024, passou a 50 representantes e conta agora com 58.
Extrema-direita no poder
Na Hungria, o ultraconservador Viktor Orbán, primeiro-ministro desde 2010, foi reeleito em abril de 2022 para um quarto mandato consecutivo, na sequência da vitória esmagadora do seu partido, o Fidesz, nas eleições legislativas.A coligação no poder inclui o partido democrata-cristão KDNP.
Em Itália, Giorgia Meloni, cujo partido pós-fascista Fratelli d'Italia obteve uma vitória histórica nas eleições gerais de 2022, lidera o governo desde outubro desse ano.
Meloni governa em coligação com outro partido de extrema-direita, a Liga de Matteo Salvini, e o partido conservador Forza Italia.
A primeira-ministra italiana foi a única líder europeia a assistir à posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em 20 de janeiro.
Nos Países Baixos, o líder de extrema-direita Geert Wilders, cujo Partido da Liberdade (PVV) ficou em primeiro lugar nas eleições de novembro de 2023, assinou um acordo de coligação com três partidos de direita em maio de 2024.
Como resultado, foi forçado a abandonar as ambições de se tornar primeiro-ministro, com alguns partidos a ameaçarem retirar-se devido à sua notória posição anti-islâmica e eurocética. O antigo chefe dos serviços secretos, Dick Schoof, tornou-se chefe do Governo.
Na Eslováquia, o primeiro-ministro nacionalista Robert Fico (partido Smer-SD) regressou ao poder em outubro de 2023.
Fico, um dos poucos dirigentes da União Europeia próximos da Rússia, tal como Orbán, aliou-se ao partido centrista Hlas-SD e ao partido de extrema-direita SNS.
Na Suécia, o partido de extrema-direita Democratas da Suécia (SD), que ficou em segundo lugar nas eleições gerais de 2022, não tem representantes no Governo, mas está estreitamente envolvido nas decisões do executivo.
Perto do poder
Em alguns países Europeus, a extrema-direita parece estar à beira do poder, mas ainda não o alcançou.
Depois da vitória histórica nas eleições de setembro de 2024, o Partido da Liberdade da Áustria (FPO), fundado por antigos nazis e agora liderado por Herbert Kickl, iniciou em janeiro negociações para formar governo com o conservador OVP.
As negociações fracassaram, sobretudo porque a extrema-direita queria virar o país numa direção eurocética, mas o OVP e o FPO já uniram forças para governar cinco das nove regiões da Áustria.
Em França, uma Frente Republicana formada para as eleições legislativas do verão de 2024 impediu o Rassemblement National (RN) de chegar ao poder.
Mas o partido de extrema-direita - cuja líder Marine Le Pen foi derrotada nas duas últimas eleições presidenciais - é atualmente o maior partido.
Na Alemanha, a AfD, apoiado pela equipa de Donald Trump, duplicou o resultado nas eleições legislativas de fevereiro deste ano para 20,8 por cento, atrás dos democratas-cristãos liderados por Friedrich Merz.
Na Bélgica, durante a campanha para as eleições legislativas de junho de 2024, as sondagens previam a vitória do partido de extrema-direita Vlaams Belang (VB) na Flandres, a região mais populosa.
O N-VA, o partido do atual primeiro-ministro, Bart De Wever, acabou por manter a liderança.
Mas o VB aumentou os resultados tanto no parlamento flamengo (31 lugares em 124) como a nível federal, em cuja assembleia constitui o maior grupo da oposição, com 20 deputados.
Nas eleições gerais de julho de 2024 no Reino Unido, o partido anti-imigração Reform UK, de Nigel Farage, obteve cerca de 14 por cento dos votos e entrou no Parlamento com cinco lugares.
As eleições permitiram ao Partido Trabalhista de Keir Starmer chegar ao poder após 14 anos de governos conservadores.
c/agências