Ferreira Leite quer “sinais concretos de pacificação”

A líder do PSD afirmou esta quinta-feira esperar "com toda a serenidade, interesse e determinação" que o próximo Governo aceite rever o modelo de avaliação de desempenho dos professores, contribuindo assim para uma "pacificação do sector". Após uma sequência de encontros com a FNE e a Fenprof, Manuela Ferreira Leite sublinhou que "é preciso retomar a paz".

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"É preciso retomar a paz no sistema de ensino", vincou Manuela Ferreira Leite depois das reuniões com a FNE e a Fenprof Miguel A. Lopes, Lusa

Foi já no rescaldo das reuniões com os secretários-gerais da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE) e da Federação Nacional de Professores (Fenprof) que a presidente do PSD renovou as críticas ao desempenho da equipa liderada por Maria de Lurdes Rodrigues na gestão do sistema de avaliação de desempenho e do dossier do Estatuto da Carreira Docente.

"O PSD sempre defendeu que a Educação é um sector de importância vital para o desenvolvimento do país e não se compadece com a convulsão social que se verificou no ano passado. É preciso retomar a paz no sistema de ensino", vincou Manuela Ferreira Leite.

Quanto às expectativas do maior partido da Oposição para a XI Legislatura, a líder social-democrata disse aguardar que o novo Executivo "dê um sinal de que pretende essa pacificação, incluindo uma renegociação para a revisão do sistema de avaliação e do Estatuto da Carreira Docente".

PSD e FNE em uníssono

À saída do encontro com a direcção do PSD, o secretário-geral da FNE salientou que o partido da São Caetano à Lapa "mantém aquilo que escreveu no seu programa eleitoral, ou seja, a necessidade de acabar com a divisão da carreira e de alterar a avaliação".

"Viemos manifestar a urgência em serem tomadas as medidas para pôr fim aos factores perturbadores mais fortes nas escolas, acabar com a divisão dos professores em duas categorias e substituir o actual modelo de avaliação do desempenho", adiantou João Dias da Silva.

Entre as preocupações levadas à liderança social-democrata, o secretário-geral da FNE salientou também as "irregularidades e faltas de transparência" na gestão de recursos humanos dos estabelecimentos de ensino por parte das câmaras municipais, no que diz respeito ao pessoal não docente. Deixou ainda uma nota de inquietação perante a existência de alguns profissionais "sem qualificação" a trabalhar em "actividades de enriquecimento curricular".

Fenprof insiste na suspensão do modelo de avaliação

Além do PSD, a ronda de contactos da Fenprof incluiu uma reunião com dirigentes do PCP, entre os quais o secretário-geral dos comunistas, Jerónimo de Sousa. No termo dos encontros, o sindicalista Mário Nogueira disse acreditar que estão reunidas "condições novas na Assembleia da República para um diálogo político efectivo, uma vez que não há maioria absoluta".

"Trouxemos aos partidos políticos as preocupações da Fenprof, depois de uma legislatura que foi autocrática e prepotente e gerou uma onda de indignação pela forma como os professores foram tratados pela anterior equipa do Ministério da Educação", afirmou o secretário-geral da Fenprof.

No entender do dirigente sindical, o Parlamento "deixou de ser uma instância de recurso e poderá tomar iniciativas". Se o Governo não suspender o actual modelo de avaliação de desempenho, assinalou Mário Nogueira, "os outros partidos podem fazê-lo e também pressionar o Executivo a uma revisão do Estatuto da Carreira".

"Aquilo a que damos prioridade é às negociações com os partidos e o Governo", afiançou o secretário-geral da Fenprof, sem no entanto excluir um regresso às acções de protesto: "Se as expectativas forem frustradas, os professores não irão desperdiçar o rico património de luta que têm e voltarão às ruas".

Por sua vez, o secretário-geral do PCP instou as restantes forças políticas da Oposição a assumirem o compromisso da suspensão da avaliação dos docentes.

"Em primeiro lugar consideramos que é não só urgente como possível, tendo em conta a nova realidade na Assembleia da República, e em segundo lugar o compromisso que os partidos da Oposição que constituem agora maioria assumiram perante o povo português e os professores", declarou Jerónimo de Sousa.

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