Francisco Louçã assume que Bloco correu "risco político" ao votar contra OE

por RTP

Na XII Convenção Nacional do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã deixou grandes elogios à coordenadora cessante, Catarina Martins. O primeiro líder e um dos fundadores do partido diz que "Catarina foi determinante, extraordinária e uma heroína do BE".

Em entrevista à RTP, Francisco Louça admitiu que o Bloco de Esquerda correu um "risco político" ao votar contra o Orçamento de Estado, o que levou ao mau resultado das últimas eleições. Apesar disso, o bloquista rejeitou que o partido esteja a atravessar uma crise.

"Recusamos um orçamento que não protegia o SNS. Corremos o risco? Sim. Fomos castigados eleitoralmente? Sim. Devíamos tê-lo feito? Sempre o faríamos porque é preciso ter coerência", disse Francisco Louçã.

"O risco político concreto foi corrido e essa foi a razão do resultado eleitoral", acrescentou.

Louçã rejeita, no entanto, que o partido esteja a atravessar uma crise e afirma mesmo que "se o Bloco fosse hoje a votos, elegia o dobro dos deputados".

"O Bloco teve uma derrota, mas não acho que tenha sido uma crise porque o BE sabia o risco que corria e enfrentou-o com coragem", declarou. "Não há crise nenhuma", reiterou.

Questionado sobre um possível acordo com o PS na próxima legislatura, Francisco Louçã diz que tal acordo seria "útil", mas afirma que o PS "não fala com ninguém".

"Não há nenhum diálogo possível porque o PS o impede totalmente. Se era útil? Era", afirmou, destacando que "poderia haver um esforço conjunto" para responder aos vários problema do país.

"Há uma barreira completa por parte do governo que se chama maioria absoluta. Portanto, quando houver eleições, depois logo se verá", asseverou.

O ex-líder do BE deixou várias críticas ao Executivo, que diz estar a "comportar-se como uma criança".

Francisco Louçã não considera, contudo, que a dissolução da Assembleia seja o caminho a seguir, "porque houve eleições há um ano".

"É preciso mudar o governo, mas as eleições devem ser feitas num momento fundamental e não por causa de um jogo político", disse o bloquista, que salientou que deve ser o próprio governo a tirar consequências.
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