Política
Presidenciais 2026
Gouveia e Melo aponta "marxismo" a Catarina Martins, eurodeputada lembra-lhe almoço "com extrema-direita"
O debate para as Presidenciais entre Gouveia e Melo e Catarina Martins, na última noite na SIC, colocou o almirante e a eurodeputada em posição de ataque, mas de certa forma coincidente, ao acusarem ambos a indefinição do adversário para exigirem depois uma clarificação do posicionamento político.
Gouveia e Melo começou o debate acusando Catarina Martins de estar com um pé em Portugal e outro pé em Bruxelas e de representar uma candidatura partidária, ao contrário de si, sublinhando não estar preso a partidos e encontrar-se inteiramente nestas eleições.
"Tem um pé aqui e outro em Bruxelas, eventualmente o seu pé de recuo. Olha para a Constituição da República de forma assimétrica, porque disse que se o Chega ganhasse as eleições tentaria evitar a todo custo que fizesse Governo. E é uma declinação sofisticada do marxismo-leninismo", declarou.
Sobre a greve, tema que abriu o debate, o almirante voltou a falar de flexibilização do setor do trabalho, por um lado, e de direitos dos trabalhadores, por outro, como já havia feito noutros debates: "Tenho os dois pés aqui, sem recuo nenhum, e há 45 anos que defendo a Constituição - e vou continuar a defendê-la. Sou pelo mercado, pela livre iniciativa e pela propriedade privada".
Sobre a greve, tema que abriu o debate, o almirante voltou a falar de flexibilização do setor do trabalho, por um lado, e de direitos dos trabalhadores, por outro, como já havia feito noutros debates: "Tenho os dois pés aqui, sem recuo nenhum, e há 45 anos que defendo a Constituição - e vou continuar a defendê-la. Sou pelo mercado, pela livre iniciativa e pela propriedade privada".
Já Catarina Martins considerou que o código de trabalho agora proposto pelo Governo está em várias matérias a cortar benefícios aos trabalhadores, como sendo terminar com o “ter a estabilidade que permite ir ao banco [fechar um empréstimo] para comprar uma casa”.
A eurodeputada alertou ainda para a possibilidade que alguns patrões teriam, com a nova lei, de baixar os salários dos trabalhadores por sua iniciativa.
A eurodeputada respondeu depois ao almirante, dizendo que não se sente diminuída por ter sido eleita [para Bruxelas] e acusou Gouveia e Melo de ter ido almoçar com André Ventura a convite de um magnata, numa altura em que se falava do eventual apoio do Chega ao candidato que vinha da Marinha.
"A mim ninguém me diminui por ser eleita. Fui eleita porque tive confiança popular, e também ninguém me diminui sobre as escolhas que faço", respondeu a ex-coordenadora do Bloco de Esquerda.
Defesa do SNS
Gouveia e Melo disse que não está claro nesta governação qual é o destino que se pretende para o setor da saúde.
Disse defender um sistema mais híbrido para servir os portugueses, mas sempre com a ideia de que o Estado deve prover um serviço de saúde de qualidade para os utentes. Gouveia e Melo apontou à necessidade não colocar todos os serviços num hospital, mas levando consultas e provendo necessidades com uma maior aproximação da saúde das pessoas.
Catarina Martins disse que a solução não está em dar mais dinheiro aos privados, havendo a necessidade de repensar as soluções.
A eurodeputada agora candidata a Belém, diz que, por exemplo, é necessário impedir que tudo vá parar às urgências e, por outro lado, repensar das carreiras.
"Permitimos um sistema de vigilância"
Sem se referir diretamente às escutas ao então primeiro-ministro António Costa, que fizeram notícia na última semana, Gouveia e Melo afirmou: "Deixámos construir um sistema de vigilância da classe política".
Sem se referir diretamente às escutas ao então primeiro-ministro António Costa, que fizeram notícia na última semana, Gouveia e Melo afirmou: "Deixámos construir um sistema de vigilância da classe política".
Necessidade de clareza
Catarina Martins atacou o atual modelo económico em que o país se sustenta para atacar o seu interlocutor, chamando a necessidade de clareza: “Eu não estou do lado dos magnatas nem da extrema-direita”.
Sobre o sistema fiscal, o almirante considera que o estado asfixia as pessoas com as tributações. Diria depois que está do lado de uma economia livre e não estatizada. Quando “o Estado cria os ingredientes para uma economia saudável”, acrescentou, que arranje solução “para a pobreza”.
“É libertar a economia do Estado chinês?”, questionou Catarina Martins, numa referência ao setor da energia nas mãos de órgãos políticos da China.
À questão sobre as circunstâncias em que demitiria um governo, o almirante Gouveia e Melo disse que um não regular funcionamento das instituições democráticas seria uma dessas situações limite.
Catarina Martins vê como última instância o caso concreto do presidente Jorge Sampaio, apontando que então o país não pedia outra solução que a dissolução.