Governo tem de combater ideia de que está tudo na mesma, recomenda Sebastião Bugalho

Sebastião Bugalho deixa um conselho ao Governo.

Andreia Brito com Natália Carvalho - Antena 1 /

Imagem e edição vídeo de Pedro Chitas e Sofia Vicente

"Na habitação e na saúde a sensação de que está tudo na mesma pode existir, mas tem de ser combatida e está a ser combatida".

Em entrevista ao podcast da Antena 1 Política com Assinatura, Sebastião Bugalho admite que são estas as duas áreas que podem criar nos portugueses a sensação de que, apesar de um novo Governo, tudo se mantém igual.

O eurodeputado considera que esse é aliás o “maior inimigo do Governo”: “é deixar que o país se contagie pela sensação de que está tudo na mesma”.

Mas defende que “o resultado autárquico mostra que a maior parte do país não acredita que esteja tudo na mesma”.
Conquista de Câmaras pelo PSD? É “uma coisa extraordinária”

Uma coisa extraordinária”. É desta forma que Sebastião Bugalho avalia os resultados das eleições autárquicas.

O eurodeputado não poupa elogios ao líder do PSD. “Obviamente que esta é uma vitória, em primeira linha, do Presidente do PSD”, diz sobre Luís Montenegro.

Sebastião Bugalho acredita mesmo que as autarquias conquistadas pelo PSD mostram que Montenegro “conseguiu inverter a ideia de que estávamos com o tão apregoado fim do bipartidarismo” e de que o PSD se estava a tornar um partido regional.
Gouveia a Melo e André Ventura estão unidos contra os partidos fundadores da democracia

Para o social-democrata os resultados das eleições autárquicas foram uma derrota “para todos aqueles que anseiam por uma implosão do nosso sistema político e que prefeririam ou gostariam de ter um Presidente da República contra os partidos e um primeiro-ministro de um partido que também é contra os partidos”.

Sebastião Bugalho refere-se a Gouveia e Melo e André Ventura, que considera “candidatos anti-sistema". E acrescenta que “estão ambos distantes e muitas vezes críticos dos partidos fundadores da Democracia, de uma forma muitas vezes gratuita”. “É algo que une ambos”, conclui.
“Ninguém se torna primeiro-ministro apenas com três municípios”

Sebastião Bugalho avisa André Ventura: “Ninguém é a alternativa de Governo com três Câmaras Municipais. Nenhum candidato a primeiro-ministro se torna de facto primeiro-ministro apenas com três municípios”.

No Política com Assinatura, o eurodeputado analisa os resultados autárquicos, e se por um lado acredita que estas eleições demonstram que o Chega não é alternativa de Governo, por outro lado admite que o partido de Ventura "vai ter mais facilidade em recrutar equipas. O Chega nas próximas eleições autárquicas poderá ter mais facilidade em ter melhores candidatos”, afirma.

Bugalho defende ainda que José Luís Carneiro sai das eleições autárquicas “não com um grande resultado, mas com grande dignidade”. “Não me parece que o PS sai humilhado da noite eleitoral”, acrescenta.

Sebastião Bugalho adianta ainda que o PSD vai continuar a dialogar com todos os partidos, tal como ficou estabelecido na noite eleitoral de 18 de maio, quando a AD ganhou as eleições legislativas.
Eu, líder?

Garante que não se vê como o futuro do PSD, quando a questão é a liderança do partido. Sebastião Bugalho acredita que antes dele estão, por exemplo, Carlos Moedas e Pedro Duarte.

E garante que ao contrário de outros líderes de partido “que fizeram uma demarcação dos seus antecessores, eu nunca farei isso a Luís Montenegro”.
Spinumviva: “Não diria interferência, o timming é que é infeliz “

Não lhe parece ter havido interferência, é mais uma questão do momento
em que o caso Spinumviva veio de novo a público. É esta a leitura de Sebastião Bugalho acerca das notícias, lançadas durante a campanha autárquica, que davam conta da intenção dos procuradores do Ministério Pública, responsáveis pela investigação preventiva, em abrir um inquérito judicial sobre o caso Spinumviva.

O timing poderá ter sido infeliz, não é a primeira vez que o timming é infeliz e certamente não é só com um partido que o timming é infeliz”, defende o eurodeputado.

O social-democrata diz que “entendo perfeitamente a dificuldade em lidar com uma situação em que são relatadas aparências, porque eu, provas, não vi nenhumas”.
Entrevista conduzida pela editora de Política da Antena 1, Natália Carvalho. 
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