Greve geral. André Ventura acusa Governo de ser "casmurro e teimoso"

André Ventura acredita que a greve geral não foi evitada porque o "Governo foi casmurro, teimoso e quis desrespeitar quem trabalha".

Andreia Brito com Natália Carvalho - Antena 1 /

Imagem e edição vídeo: Pedro Chitas

O candidato a Presidente da República, no podcast da Antena 1 “Política com Assinatura”, afirma que o Executivo de Luís Montenegro “optou por uma espécie de linha liberal, que dá ideia a quem trabalha, de que pode ser despedido a qualquer altura, que vai perder direitos e que só interessa quem manda e não quem trabalha, e isso é errado”.

Para Ventura a greve é legitima, “há razões para um descontentamento generalizado, e têm razão”, diz.

E acrescenta que ainda tem esperança de que “o Governo arrepie caminho e retire uma série de leis absurdas que aqui estão”.
Não só aceita como vai propor a revisão da Constituição. André Ventura não tem dúvidas: “precisamos de uma revisão constitucional”.

Dá como exemplos o estabelecimento da pena de prisão perpétua ou o confisco de bens em casos de corrupção e defende que “é preciso acabarmos com esta proteção constitucional a uma série de recursos desmedidos que se pode levar a cabo e que nunca há justiça”.

Não só promoverei esse debate como candidato, como, se for eleito, vou incentivar os partidos a promoverem uma revisão constitucional”, conclui.
“PS meteu na engrenagem pessoas para bloquear o trabalho da justiça”
O grande problema da justiça não é Amadeu Guerra”. André Ventura vê no Procurador-Geral da República um exemplo de integridade e de combate à corrupção e ao crime económico.

Para o líder do Chega e candidato à Presidência da República, o problema da justiça está no “esquema que foi montado para estar sempre a proteger os poderosos e o sistema político”.

Na opinião de Ventura o Partido Social-Democrata, mas “sobretudo o Partido Socialista, nas últimas décadas, meteu na engrenagem pessoas especificas para bloquear o trabalho da justiça. Meteram na engrenagem pessoas, fórmulas e métodos para que a justiça não fizesse nada”.

Garante por isso que vai “afastar toda a tralha socialista e social-democrata que foram postos em funções para garantirem a impunidade de alguns”.

O PS quer controlar a justiça em Portugal, quer manipular a justiça, proteger os seus políticos e os seus afiliados, não podemos permitir isso”, defende.
Segurança Social: “alguns dizem «foi as escolhas que fez, deixemo-lo lá», um cristão não pensa assim”
Nesta entrevista André Ventura põe de parte a privatização da Segurança Social. “Não acho que o caminho seja a sua privatização. Portugal não tem condições de ter uma Segurança Social privatizada” porque, entende, isso representaria mais pobreza, mais exclusão social e mais idosos abandonados.

Defende, no entanto, modelos mistos de financiamento da proteção social, mas “sempre com uma quota mínima de participação pública”.
Ministra da saúde: “incompetência em estado puro”
A saúde é dos maiores falhanços do Governo”. André Ventura não poupa a ministra da Saúde. “É uma má gestão da saúde. Esta ministra geriu mal”, inclusive, diz Ventura, o atual pico de gripe.

Conclui que Ana Paula Martins é “incompetência em estado puro”.
Ventura garante que caso ganhe Belém, deixa liderança do Chega
Caso ganhe a Presidência da República, André Ventura abandona a liderança do Chega. A garantia foi dada em entrevista ao podcast da Antena 1 “Política com Assinatura”.

Não, não continuarei como líder do Chega se for eleito. Acho que não devo continuar nessas funções”, adianta André Ventura.

No entanto não nega que gostava de continuar a ser aquilo que é hoje como líder da oposição: "tenho de continuar a ser, como sinto que sou hoje, como líder da oposição, aquele que num lugar institucional aponta ao país o que está errado”.
Reafirma nesta entrevista que, caso ganhe as eleições, será um Presidente da República interventivo, um condutor do país. Recusa vir a ser um enfeite, simbólico, um mero árbitro, uma jarra.

Acima de tudo promete ser o Presidente anticorrupção. Admite que gostava de ser lembrado como “o maior lutador contra a corrupção que tivemos em Portugal”.

Assegura que essa tem sido, desde a criação do Chega, a sua bandeira e diz acreditar que “não há aqui partidos completamente impolutos, não há aqui anjos”.
Eutanásia: "mais confortável com lei referendada"
Referendos sim, desde que sejam para “grandes questões”. André Ventura entende que a eutanásia não deve ser aprovada ou reprovada na Assembleia da República.

Por ser uma “questão de clivagem moral e política”, a decisão deve caber aos portugueses, defende.

Na opinião do candidato a Belém “ficaria muito mais confortável com uma lei sobre a eutanásia que tivesse sido referendada”.
Em caso de segunda volta nas Presidenciais, André Ventura assume que o seu adversário é Marques Mendes.

Há uma conflitualidade maior com o candidato da AD porque acho que Marques Mendes é o representante dos negócios, da política no sentido mais baixo que a política não deve de ser”, adianta.
Não pede desculpa, mas Ventura faz mea culpa com Catarina Martins
Não é um perdoa-me a Catarina Martins. É mais um assumir de um “excesso”. André Ventura admite que, durante o debate com a candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda, se excedeu quando atirou uma folha contra a antiga líder do Bloco.

Não pedi desculpa, não tenho o contacto da Catarina Martins, mas não tinha problema de pedir se a encontrasse”.

Não devia ter feito aquilo, as pessoas sabem que fiz por impetuosidade, mas não devia ter feito, num debate não é o aconselhável”, conclui.
Entrevista conduzida pela editora de política da Antena 1, Natália Carvalho. 
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