Greve geral. Trabalhadores Social Democratas pedem diálogo, mas admitem "divergência" com o PSD

No dia em que a UGT ratifica a adesão à greve geral com a CGTP convocada para 11 de dezembro, o secretário-geral dos TSD - Trabalhadores Social Democratas insiste no apelo ao diálogo entre as partes e a uma negociação que tenha em conta os "interesses" dos trabalhadores, mas admite divergências entre os representantes da estrutura autónoma - que é afeta à UGT - e a direção de Luís Montenegro.

João Alexandre /

Fotos: Jorge Carmona

"Não escondo que há uma forma especial de sentir o partido e a sociedade por parte daqueles que são dirigentes dos TSD, nomeadamente aqueles que são dirigentes sindicais e que, em primeira instância, representam os interesses da UGT, dos seus sindicatos e dos trabalhadores. Portanto, por vezes - e este é, provavelmente, um desses momentos - há aqui alguma divergência de pontos de vista", diz, em declarações à Antena 1, Pedro Roque, deputado do PSD e secretário-geral dos TSD.

O social-democrata relativiza, no entanto, as divergências que existem na forma como é avaliada a proposta do Governo de Luís Montenegro e garante que, apesar dos diferentes pontos de vista, há caminho para o diálogo e para a negociação, mesmo com a adesão à greve geral que foi convocada no passado fim-de-semana, contra as alterações à legislação laboral.

"[A divergência] Não impede que, ulteriormente, todos possamos convergir no mesmo sentido, ou seja, no entendimento com base na concertação social", aponta Pedro Roque, que sublinha: "Estou convicto de que, independentemente da greve geral - que muito provavelmente, por parte da UGT, será ratificada hoje -, o espaço para o diálogo continua a existir e deve ir até às últimas consequências. E deve-se escutar. Só assim é que as alterações à lei laboral podem ser verdadeiramente equilibradas e justas".

No programa Entre Políticos, onde a greve geral marcada para 11 de dezembro e as alterações às leis do trabalho estiveram em debate, Pedro Roque assegurou ainda que os TSD são ouvidos pela direção do PSD independentemente de algum afastamento de posições.

"O diálogo é permanente. O secretário-geral dos TSD tem assento na Comissão Política, tem sido deputado na Assembleia da República na bancada do PSD e esse diálogo existe", diz o social-democrata, que sublinha que as mudanças na lei devem refletir um equilíbrio na negociação: "Resulta de um equilíbrio e de uma negociação entre os interesses dos trabalhadores, os interesses empresariais e o Governo que, de alguma maneira, é o outro vértice do triângulo, que representa o interesse público".
TSD garantem que UGT quer dialogar depois da greve geral
Na Antena 1, Pedro Roque, ex-Secretário-Geral Adjunto da UGT, garante ainda que, independentemente da paralisação prevista para 11 de dezembro, a central sindical continua disponível para o diálogo e para acertar posições no âmbito da concertação social.

"No passado, a seguir a uma greve geral, a UGT, responsavelmente, noutras conjunturas e com outras direções, soube chegar a entendimentos com Governos, fossem do PS ou do PSD", lembrou o social-democrata, que não vê na greve geral um fim de linha: "É essa a grande diferença entre uma greve geral convocada pela CGTP e uma greve geral convocada pela UGT. É que para CGTP a greve geral é um fim em si mesmo".

No mesmo sentido, Pedro Roque deixa críticas à CGTP e afirma que, para a UGT, a greve geral é "um meio para alcançar um fim".
O programa Entre Políticos moderado por João Alexandre e que contou ainda com a participação de Ana Mendes Godinho (PS), Rita Matias (Chega) e Vasco Cardoso (PCP).
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